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Sessão de 3 de Dezembro de 1918 7

Por êsse nobre dever, muito perdemos e sofremos.

Lutámos nas costas ocidental e oriental da, África para onde, em dispendiosas, arriscadas e difíceis expedições, transportámos os nossos filhos, que em larga escala lá ficaram ceifados pelo fogo da inimigo ou pelas inclemências do mortífero clima.

Lutámos no mar e na Flandres e no norte da França, ombro a ombro com o glorioso soldado britânico e gaulês.

Por longos meses, seguidamente, por não termos meios de rendê-los ou substituí-los, jazerem, sob baixíssimas temperaturas, enterrados na lama e na neve das trincheiras, os pobres soldados, nascidos e criados, no doce e suave clima de Portugal! (Apoiados).

Perturbámos: fundamente a nossa economia, arrazámos, que é o termo que mais expressivo encontro, as nossas; finanças, elevando ao duplo, se mais excedida ainda o não foi, a já esmagadora e opressiva cifra da nossa anterior dívida pública.

Comprometemos, talvez irremediávelmente, o nosso futuro e desenvolvimento económico, pois não nos será possível arrancar às depauperadas fontes de receita nacional mais do que os recursos indispensáveis para ocorrer às exigências normais da administração e aos gravíssimos encargos de tam pesada responsabilidade!

Pois apesar disto, Sr. Presidente, ao encararmos a tragédia do passado e ao prescutarmos ansiosos o futuro, mais trágico ainda, não nos sentimos contritos pela arrependimento ou pelo remorso do que fizemos, antes defrontamos a nossa aflitiva situação com nobre orgulho, e legítimo desvanecimento, por termos bem a consciência de havermos cumprido integralmente os nossos deveres tradicionais, e havermos tido a glória de enfileirar-nos intemeratos ao lado dos que combatiam e sofreram pela causa, da Justiça, da Civilização e da Liberdade.

Vozes: — Muito bem! Muito bem!

O Sr. Machado Santos: — Sr. Presidente: peço a V. Exa. me releve uma pequena infracção regimental, não começando por ler a minha moção de ordem, porque quero felicitar V. Exa. por estar nesse lugar e felicito a Câmara, por ter escolhido V. Exa. para o desempenho dum cargo de alta ponderação e responsabilidade, como é o da sua presidência. E cumprindo êste dever passo a ler a minha moção de ordem:

Leu.

Sr. Presidente: folguei imenso, de ouvir o ilustre Ministro dos Estrangeiros Sr. Dr. Egas, Moniz falar com tanto entusiasmo do triunfo da causa, de Direito, da Liberdade e da Justiça.

Folguei imenso tambêm de ouviu o ilustre leader de maioria governamental referir-se ao mesmo assunto, classificando por igual forma a vitória gloriosa que alcançaram os exércitos dos países aliados; e tornei a, folgar muitíssimo com as palavras que pronunciou o ilustre leader da minoria monárquica, que, afinando pelo diapasão dos oradores precedentes, se regosijou por si, e pelos seus correligionários, pelo triunfo da mesma causa do Direito, da Liberdade e da Justiça.

Parece-me pois que estamos todos de acôrdo, dentro desta sala; e que, regosijando-nos pela paz externa, e interpretando se como ela deve ser interpretada, não devemos ter dificuldades em alcançar a paz interna, pois se trata apenas de levar entre nós á pratica o ideal que triunfou, lá fora e para o qual tanto concorreram com o seu heróico sacrifício os nossos soldados e marinheiros. Vamos então restabelecer as normas do Direito, da Liberdade e da Justiça, que tam atropelados têm sido, para que á paz das nações se não responda - com a desordem -, terna e com o prolongamento dum estado de cousas que é a negação da causa que se glorifica e pela qual o país fez o máximo sacrifício.

Sr. Presidente: pesavam sôbre os meus débeis ombros dois fardos demasiado grandes que me torturavam por vezes o espírito e me alanceavam o coração por nele, às vezes, penetrar a dúvida se a acção do político não teria prejudicado a intensão do patriota. Êsses dois fardos tremendos eram o 5 de Outubro e a comparticipação de Portugal na guerra. Hoje, Sr. Presidente, sinto-me, já aliviado deles. Quando o problema político estava pôsto em equação eu resolvi-me pela forma re-