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4 Diário das Sessões do Senado

Estado das Finanças as seguintes preguntas:

1.° Porque se não tem feito a publicação regulamentar do estado da nossa dívida flutuante. 2.° A quanto monta essa dívida?

Sala das Sessões, 11 de Dezembro de 1918. — Severiano José da Silva.

Para a Secretaria para ser expedida ao Secretário de Estado de Finanças.

O Sr. Pinto Coelho: — Tenho ouvido em outras sessões, e acabo de ouvir novamente agora, protestos sôbre a ordem da inscrição dos oradores. Eu não estou inscrito nem pretendo falar hoje, mas como se repetem continuamente estas scenas de todos quererem ser os primeiros a falar e como a V. Exa. é impossível registar a prioridade dos Srs. Senadores, eu lembro ou proponho a seguinte fórmula:

V. Exa. costuma subir para a Presidência às 14 horas. V. Exa. manda pôr um caderno onde cada Senador que pretender falar escreverá pelo seu próprio punho o seu nome, respeitando V. Exa. a ordem da inscrição. Assim, ninguêm terá de queixar-se.

O orador não reviu.

Posta à votação esta proposta, foi aprovada.

Consultado o Senado, resolveu conceder, em primeiro lugar, a palavra ao Sr. Júlio Dantas.

O Sr. Júlio Dantas: — Agradeço a V. Exa. e à Câmara a distinção com que acabam de honrar-me, dando-me a palavra em primeiro lugar. Apresento a V. Exa., Sr. Presidente, os meus cumprimentos, não acenas por dever de cortesia, mas por preito de admiração e de amizade.

Duas palavras apenas, em cumprimento dum dever que me impõe a minha qualidade de Senador pelas Belas Artes.

Acaba de falecer em França Edmond Rostand. Não direi a V. Exas., porque toda a Câmara decerto a conhece, o que é, no seu colorido, na sua grandeza, na sua bravura, a obra admirável do autor da Princesse Lointaine, dos Romanesques, do Cirano, de Aiglon, do Chanteclair.

Rostand não foi apenas o mais glorioso representante do neo-romantismo francês; não foi apenas um poeta da estirpe de Hugo; foi tambêm, pelo esplendor incomparável da sua obra, como Junqueiro em Portugal, como de Annunzio na Itália, um poeta verdadeiramente nacional. Nas figuras que êle criou, no duelista Cirano de Bergerae, no granadeiro Flambeau, no galo simbólico de Chanteclair, não passa apenas o sopro criador do génio; passa, resplandecendo, cantando, a alma da própria França.

A Edmond Rostand, que ainda teve tempo para assistir à vitória, fizeram-se funerais dignos do seu nome glorioso e da sua obra imortal. Hoje que, mais do que nunca, a nossa alma vibra com a França, julgo interpretar os sentimentos desta Câmara, propondo que se envie ao Senado Francês um telegrama comunicando que o Senado da República Portuguesa se associa às homenagens oficiais prestadas à memória do maior dos poetas contemporâneos, Edmond Rostand.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Presidente: — Vai ler-se a proposta mandada para a Mesa pelo Sr. Júlio Dantas, e para a qual S. Exa. requereu a urgência e dispensa do Regimento.

Lida na Mesa, foram aprovadas a urgência e dispensa do Regimento, sendo, em seguida, aprovada a proposta, sem discussão, por unanimidade.

O Sr. Machado Santos: — Sr. Presidente: quando na última sessão o meu ilustre colega e leader da maioria governamental se referiu à tentativa de atentado contra o Sr. Presidente da República e apresentou a sua proposta congratulatória, eu requeri a generalização do debate. O requerimento foi aprovado pelo Senado, mas o debate não chegou a generalizar-se por V. Exa. ter pôsto imediatamente à votação a proposta do Sr. Castro Lopes.

Em vista disso, e como a Câmara dos Deputados já aprovou uma proposta de lei prolongando a suspensão das garantias até o dia 10 do próximo mês de Janeiro, eu tenho a dizer a V. Exa., Sr. Presidente, que, quando essa proposta de lei vier à discussão desta Câmara, me reservo o direito de fazer as considerações que o caso me sugeriu.

Mas, já que estou no uso da palavra, não quere deixar de ler à Câmara, para que ela pondere bem o que se está pás-