O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 Diário das Sessões do Senado

de Guerra, foram assaltar o Grémio Lusitano e, para praticarem essa façanha, tomaram as embocaduras das ruas e ameaçaram, de revólver em punho, quem se achava pelas janelas.

Um cidadão francês, o Sr. Navelle, disse-me que o que mais o tinha maguado, como estrangeiro, tinha sido o ver o pavilhão da França todo golpeado e misturado com o lixo dos destroços.

Pois não foi só o pavilhão da França que sofreu êsse desacato. As bandeiras dás nações aliadas e o próprio busto de Eduardo VII foram parar ao monturo!

Não encontro no dicionário palavras condignas para verberar uma torpeza destas!

E isto deu se, Sr. Presidente, precisamente no dia seguinte àquele em que a maçonaria italiana enviara um telegrama de saudação ao exército português pela vitória da causa dos aliados, que foi a sua.

Uma fracção, se bem que mínima, do exército, respondeu por essa forma à gentileza do cumprimento.

Que triste que isto é!

Mas ... que admira que um caso dêstes se registe, como manifestação eloquente da disciplina que lavra no exército, se há um Secretário de Estado, o que trata dos negócios da guerra, que vai dizer á Câmara dos Deputados, a propósito dos últimos acontecimentos políticos, que as tropas haviam saído dos quartéis sem ordem superior, para irem espontaneamente combater a revolta de Coimbra, como d:as depois saíram tambêm expontâneamente dos seus quartéis de Lisboa para se manifestarem em parada nas ruas da capital!

Quando há Secretários de Estado que citam com louvor êstes actos de indisciplina, o que me admira, Sr. Presidente, é que não tenham vindo assaltar o palácio do Parlamento.

Já que me encontro no uso da palavra, eu não quero que passe mais um dia sem contar ao Senado um boato que corre pela cidade, qual é a de haver no Govêrno Civil um in-pace inquisitorial que foi construído ruma parede dêsse edifício o que tem 1 metro e 80 centímetros de comprimento por 1 metro e 20 de profundidade, uma porta de ferro com buracos, mobilado simplesmente com um banco de pedra.

Diz-se que é neste in-pace que se encontra emparedado essa tresloucada criança, cuja idade oscila entre os dezasseis e vinte anos, no noticiário dos jornais, e que dizem ter atentado contra a vida do Sr. Sidónio Pais.

Custa-me a acreditar, Sr. Presidente, que isto seja verdade! É verdade que vivemos em Portugal, mas estamos no século XX.

Peço, pois, a V. Exa. e à Câmara para que uma comissão de Senadores proceda a um inquérito para se chegar ao apuramento da verdade.

Aproveitando o estar no uso da palavra, tenho a honra de enviar para a Mesa um projecto de lei que trata de valer à situação dos oficiais o sargentos milicianos e à dos mutilados pela guerra.

Tenho dito.

O Sr. José Marques Pereira: — Sr. Presidente: tendo a honra de falar nesta casa do Parlamento pela primeira vez, não posso deixar de dirigir daqui os meus cumprimentos a V. Exa., Sr. Presidente, pelas suas altas qualidades de carácter e de inteligência.

Permita-me V. Exa., Sr. Presidente, que eu, ao prestar as minhas homenagens a V. Exa., o faça igualmente aos meus colegas de todos os lados da Câmara, desde a minha extrema direita, onde vejo a figura do Sr. Machado Santos, que é dum grande relevo na história do nosso país, até a minha extrema esquerda, onde vejo a figura não menos importante do Sr. Domingos Pinto Coelho.

Mas, Sr. Presidente, ao percorrer a Câmara dum a outro lado, eu tenho o prazer de ver nela, por uma feliz disposição da nossa organização, os membros que nesta câmara representam as fôrças vivas do país e, se faço esta referência especial, é porque pedi a palavra para me referir a um ponto importantíssimo no ressurgimento da nossa vida económica e industrial.

Com muito custo subi os degraus que me conduziram a esta tribuna, pois que pela minha idade e poucos conhecimentos, ocupo certamente de entre todos nós o último dos lugares desta casa.

Ao ver tam brilhantes ornamentos das classes que representam a vida da nação, imagino que alguma cousa se produzirá