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24 Diário das Sessões do Senado

lho de Ministros que se realizou na noite de 23 para 24 de Dezembro, deixando o meu pedido de demissão, por escrito, nas mãos do Sr. Presidente da República.

A demissão não me foi dada, porêm, pela necessidade de manter o prestigio do poder, e o Govêrno, não perdendo de vista os supremos interêsses nacionais que aconselhavam a manutenção da ordem a todo o custo, procurou uma solução conciliatória.

As cousas correram, porêm, por uma, tal maneira, que eu nem as sei bem explicar mesmo porque, por natural melindre, me mantive afastado do decurso das diligências em que o Sr. Presidente do Ministério se empunhou, até que se realizou um novo Conselho de Ministros, a que assistiram depois, os Presidentes das duas Câmaras e os leaders dos partidos políticos.

Suponho que não comete uma inconfidência nem uma incorrecção — pois que só falo de mim — afirmando que eu nesse Conselho, depois de sustentar mais uma vez o desejo de evitar scenas violentas, disse ao Sr. Presidente da República ao Sr. Presidente do Ministério e aos meus colegas que, se se tratava duma simples infracção de disciplina, se S. Exas. tinham elementos de convicção para crerem que se tratava de um movimento que apenas traduza, uma loucura, julgando-se o Governo com força para depois, oportunamente, meter os discolos na origem, que eu sairia imediatamente do Govêrno para que não houvesse quaisquer perturbações nesta conjuntura. Mas se a má vontade contra o meu nome não passava, como indicava dum ridículo pretexto, e que, por trás daquela manifestação, havia mais alguma cousa do que isso, havia manejos tendentes à modificação do regime, então eu, Ministro da República, por um dever de honra, não tinha de hesitar: entendia que o governo devia demitir-se imediatamente e constituir-se um governo de concentração republicana porque os factos seriam extremamente graves desde que nele estavam envolvidas, como se dizia, a guarnição do Porto e grande parte de Lisboa.

Trouxe estes factos à tela do debate, com esta minúcia, para que sobre eles não venham a fazer-se errados comentários e para demonstrar que, dando o meu apoio
ao presente Govêrno, o faço de harmonia com as ideas que expus muito antes da, sua constituição.

É êste um Governo de concentração republicana, encarregado de defender, o regime legal da Nação e de restabelecer a ordem neste desgraçado país?

Defenda o regime, restabeleça a ordem, que com o apoio que dentro e fora desta casa possa prestar-lhe pode o Govêrno contar abertamente.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (José Relvas): — O Governo ouviu com a maior satisfação as palavras proferidas pelos representantes políticos no Senado e por aqueles Senadores que representam os que os elegeram nesta casa.

Com igual satisfação ouvi as palavras de apoio, porque é exactamente do que o Govêrno mais carece para realizar a obra que se impôs.

O Sr. Queiroz Veloso disse que a monarquia não pode voltar.

Não pode ser restaurada.

Tem razão: a monarquia não pode ser restaurada, porque é a divisão.

O dever mais inadiável que se impõe ao Governo é defender a República, restituir a República ao território que está neste momento ocupado revolucionariamente pelos monárquicos.
É esta a razão do maior esforço do Governo, a sua preocupação de todos os seus momentos, o que espera seja brevemente realizado para fortuna do todos. (Apoiados).

Êsse é o desideratum.

Temos diante de nós a representação política de que carecemos para a imediata resolução desta situação, que este terrível crime, como alguém lhe chamou, criou.

O Govêrno encontrou constitucional-mente a solução, no alto sentimento que deve dominar neste momento os republicanos, cuja representação é completa dentro do Govêrno.

Temos de encarar êsse problema e dar-lhe solução.

Não pensa o Governo actual em interferir na, reunião dos partidos, nem, ter a menor intervenção política. (Apoiados).

Já o afirmei: desejo muito viver com o Parlamento, respeitando todas as suas prerrogativas e completa autonomia.