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4 Diário das Sessões do Senado

de novos métodos de terapêutica. Mas, se pela sua grande inteligência e sabor tanto se elevou e tanto elevou o nome português, não se elevou menos em estima, ao mesmo tempo carinhosa e cheia de respeito, naquela grande República, tais são os primores do carácter nobilíssimo desta singular individualidade, ora que eu, Sr. Presidente, não sei o que mais admiro: se a altura do seu espírito moderno, se a nobreza de carácter o a simplicidade e grandeza desta alma amiga de português!

Êste nosso colega, que é, honra desta Câmara e honra dêste país, tinha ali criado os seus interêsses, tinha ali em todos uma família e tanto bastava, para ter ali uma segunda pátria. Mas não era ali a terra onde nascera, o acima do sentimento profundo de gratidão e de ternura que o liga à nação brasileira, e que com bom clara satisfação tantas vezes manifesta, estava o seu acendrado amor por Portugal e o desejo ou a vontade instintiva de vir assistir de perto aos progressos da nova República, e pela fôrça única do seu amor pátrio tudo deixou.

Nada disto a Câmara ignora, Sr. Presidente, mas eu precisava de dizê-lo, não para fazer o elogio banal dêste português ilustre, que não carece dele, mas para concluir lógicamente que quem, pelo lado mental e moral, possui tam opulento doto, quem e republicano austero desde o tempo em que, aqueles que tendenciosamente dêle falam, talvez não bebessem mais que o leito materno, não podia deixar do ser em Paris um diplomata dos mais distintos e um valoroso defensor dos interêsses da República, que bem do facto tem servido com o mais inteligente zêlo e brilho, atenuando-lhe as dificuldades da sua missão a atmosfera do simpatia e afectuosa deferência que tem ali.

O Sr. Dr. Bettencourt Rodrigues não está, pois em Paris pelo prazer de estar: está, é conveniente acentuá-lo, a pedido do falecido Presidente da República, fazendo o sacrifício do repouso que veio procurar a Portugal, ao abandonar a vida activa, com a satisfação que deve ter na sua consciência do serviço que presta ao seu país.

Tomei a palavra, Sr. Presidente, para responder à pregunta que sobro esta questão acaba de fazer um digno colega nesta Câmara, e devo acrescentar que o facto a que ela se refere me entristece bastante, tanto pelo que ela concretamente representa, como pelo significado que tem nos costumes da nossa vida política. Verifico com desgosto que o interêsse que nos movo nem sempre é o interêsse da Pátria e da República, mas o interêsse dos partidos o, a dentro dos partidos, o interêsse de cada um.

E preciso que nos respeitemos uns aos outros e que demos a cada um o que de direito lho pertence, que é a primeira condição do prestígio da República; sem isso não pode existir na família republicana, que deve ser a família da Nação, a união indispensável para que caia de vez essa bandeira, mais vermelha que azul e branca, que há pouco aos ameaçou.

Eu não sei. Sr. Presidente, o que será o dia do amanhã, tam sombrio o vejo eu.

Não é o perigo monárquico que eu receio: a monarquia teve em Monsanto o no norte o seu enterro definitivo, feito com todas as honras militares, que aliás não merecia, porque êsse movimento revolucionário, se não fôsse o derramamento de sangue o todo o mal que causou, a dar-lhe proporções de tragédia, seria pela sua ligeireza e insensatez de estrutura, falha de tudo, um acto de opereta.

Não é êsse o perigo que eu receio neste momento histórico, em que o princípio da realeza por toda a parte se afunda ou vive ameaçado; o que eu receio entendo que não o devo dizer aqui, nem é preciso: êle está na clara razão de todos que vêem a tempestade que se levantou do Norte, a ferir já o coração da Europa. Só podemos conjugá-lo com a fôrça que dá a estreita união de nós todos e a observância dum claro espírito de liberdade e de justiça em todas as camadas sociais; de justiça, desde já, para os desfavorecidos da sorte, que têm na sociedade direitos Aguais aos nossos. Exige-o a nossa consciência e é condição primeira para termos ordem pública, e conseqúentemente, trabalho sereno e progressivo.

Sr. Presidente: referindo-me ao Sr. Dr. Bettenconrt Rodrigues pela forma como o fiz, se é certo que tenho a honra do ter com êle estreitas relações pessoais, não creia V. Exa. que foram elas a determinante das minhas palavras. A determinante verdadeira foi o tratar-se de alguêm