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Sessão de 20 de Fevereiro de 1919 9

ser aprovada ou modificada e desta forma se atende a uma necessidade que é inadiável, porquanto ao terminar a conferência o Govêrno tem que subordinar as condições do nosso regime pautal, o que quer dizer um regime económico, às conclusões daquela Conferência. Isto é assim e não pode ser doutra forma.

E essa reforma pautal, feita nas condições indicadas na minha proposta, faz que tenham uma representação larga as classes industrial, comercial e agrícola, quer do comércio das duas costas de África — a ocidental e oriental — às quais, por terem interêsses desencontrados, dei representação separada.

A minha proposta indica tambêm representação dos Ministérios dos Estrangeiros, Colónias e Finanças, havendo assim uma contextura de conjunto para se conseguir um trabalho útil para o país.

Isto posto, aproveito a ocasião de estar presente um membro do Govêrno para chamar a atenção do Sr. Ministro das Subsistências e Transportes para o que se está passando com o transporte de adubos necessários à agricultura.

A situação que se está Criando a êste respeito é muito grave. E certo que há necessidades militares, necessidades do fazer transportes de tropas para o restabelecimento da ordem pública, que estão acima de tudo; mas é preciso que se saiba — e é bom dizer-se — que se está no momento da adubação nas zonas servidas pela linha de oeste e linha do norte e que daqui a quinze dias já se não poderão fazer as sementeiras, sendo depois nulos todos os transportes porque já não podem ser adubadas as terras. Uma das sementeiras é a da batata. Veio a semente de fora, custou muito dinheiro, tem havido grandes dificuldades para o transporte dessa semente, mas ela não pode ser utilizada por falta de adubos a tempo nos locais de emprego.

Não estou defendendo interêsses meus. O caso de poder colocar ou expedir uns vagões de adubos a mais ou a menos representa para nem um valor mínimo. Deixar de se fazer as culturas representa para o país um valor máximo, que é o que interessa. A batata é um género de primeira necessidade e pode perder-se a respectiva sementeira por falta de transporte de adubos. A falta de transporte
prejudica igualmente os trigos temporões.

Peço, portanto, a V. Exa., Sr. Ministro das Colónias, que transmita as minhas considerações ao seu colega dos Abastecimentos, visto tratar-se dum assunto de essencial gravidade. E os representantes dos sindicatos agrícolas que fazem parte desta Câmara, sabem bem quão verdadeiras são as minhas palavras.

Êste problema é urgente, e porque há outros transportes que poderiam esperar, sem prejuízo para a economia nacional, mais uns dias, devia dar-se-lhe a ele uma preferência absoluta. Êste transporte ou se faz agora, ou uma grande área cultivável do país ficará inculta e improdutiva.

O Sr. Ministro das Colónias (Carlos da Maia): — Ouvi com a maior atenção as palavras do Sr. Alfredo da Silva, com relação ao assunto que se relaciona com o transporte de adubos.

S. Exa. compreende bem as dificuldades que há na satisfação do seu desejo.

O Govêrno faz inteira justiça a S. Exa. e de modo algum lhe podia passar pelo espírito que o ilustre Senador trazia ao Parlamento um assunto que lho não fôsse sugerido pelo interêsse nacional.

Apresentarei ao Sr. Ministro dos Abastecimentos a lembrança do Sr. Alfredo da Silva, e estou certo que S. Exa. a tomará na devida consideração, atento o seu acrisolado amor à. Pátria e à República.

O Sr. Alfredo da Silva: — Agradeço as explicações de S. Exa., que dessa maneira vem auxiliar a minha idea.

O Sr. Oliveira Belo: — Pedi a palavra para secundar as considerações do Sr. Alfredo da Silva.

Quanto às modificações das nossas pautas, nunca se conseguiu senão nomear comissões que trabalharam poucos dias e em seguida se dissolveram.

Se há momentos graves para a economia nacional, é êste um dêles, porque aos nossos delegados à Conferência da Paz não se tem fornecido elementos para tratarem da questão pautal.

Os delegados da Inglaterra são perto de quinhentos indivíduos especialistas nes-