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Sessão de 20 de Fevereiro de 1919 7

a convicção de que isso não foi devido à falta de cuidado e amor às instituições republicanas da parte do Sr. Vasco Quevedo Pessanha, encarregado de negócios em Madrid.

S. Exa. tem dado frisantes provas, durante a sua carreira diplomática, de que é um funcionário zelosíssimo, inteligente e honesto, e de que é um verdadeiro servidor das instituições republicanas.

Devo dizer ainda que S. Exa., quando foi das revoltas ou incursões couceiristas de 1911 e 1912, empregou todos os seus esforços para bem servir as instituições, como nosso vice-cônsul na Estremadura Espanhola, merecendo os maiores louvores do Sr. Bernardino Machado, Ministro dos Estrangeiros, e do Govêrno de então. E por tal forma procedeu que vários monárquicos cortaram, nessa altura, com êle as suas relações, vendo nele, como têm continuado a ver, e como de facto é, um bom republicano.

Mas há mais. O Sr. Dr. Vasco Quevedo é tam correcto no seu proceder, que, quando chegou a Espanha a notícia de que tinha sido restaurada a monarquia no norte de Portugal, êle, como o Sr. major Alberto Pais, de cujo republicanismo ninguêm pode duvidar, pediu a demissão do seu cargo.

Por aqui se vê, Sr. Presidente, o amor que S. Exa. tem às instituições republicanas. Pediu a sua demissão porque não queria servir com outros.

O Sr. Dr. Vasco Quevedo conseguiu — devo acrescentar ainda — pelo seu zelo, pelo seu carácter e pela sua correcção de proceder, quando serviu em Berlim com o Sr. Dr. Sidónio Pais, a sua maior estima e consideração. E tanta, que o falecido e saudoso presidente o nomeou primeiro testamenteiro do seu primeiro testamento.

Tambêm o Sr. Augusto de Vasconcelos, que todos conhecem como um antigo e verdadeiro republicano, empregou todos os esforços para que êle o acompanhasse como 1.° Secretário para a legação de Londres, o que decerto S. Exa. anão faria, se o Sr. Quevedo não fôsse da sua inteira confiança e não lhe tivesse merecido, durante o tempo que com êle serviu, o maior conceito.

Ainda o Sr. Egas Moniz, quando foi nomeado nosso Ministro em Madrid, uma
das primeiras condições que impôs para ir desempenhar a missão que com tanta inteligência levou a cabo, foi que o Sr. Vasco Quevedo o acompanhasse.

Nessa altura era êle governador civil de Aveiro, onde foi tal o seu proceder e a sua obra, que, quando foi da sua despedida daquele lugar, não houve republicano nenhum de cotação, democrático, unionista ou evolucionista que se não fôsse despedir dêle à estação.

De forma que, Sr. Presidente, eu não posso deixar de sentir uma profunda mágoa, ao ver que alguma imprensa de Lisboa, não hesite pôr em dúvida o zelo, o patriotismo e o republicanismo do Sr. Vasco Quevedo. Isto magoa muito, Sr. Presidente, sobretudo por reconhecer os fins que se tem em vista.

Eu quero pedir ao ilustre Presidente do Ministério, Sr. José Relvas, por quem tenho a máxima consideração, porque é um homem de bem e um intemerato republicano, (não desejando, porêm, que S. Exa. me responda já, mas sim depois de estar devidamente esclarecido com as informações que há-de receber do ilustre Ministro de Portugal em Madrid, o Sr. Teixeira Gomes, que é um verdadeiro homem de bem, um espírito justo, dotado dum são critério, e que é, ao mesmo tempo, um republicano dos mais conceituados), que não deixe de esclarecer o Parlamento a tal respeito, tanto mais que as suas palavras sôbre êste facto, proferidas há dias na Câmara dos Deputados, foram mal traduzidas na imprensa, deixando dúvidas que é preciso esclarecer.

Espero, assim, que após a chegada das informações acêrca do papel importante do Sr. Vasco Quevedo Pessanha, na actual e grave conjuntura, S. Exa. o Sr. Ministro dos Estrangeiros há-de trazê-las ao Parlamento, e estou convencido de que nada haverá que seja desprimoroso para aquele ilustre diplomata.

Se alguma falta houver, o que não acredito, o Sr. Vasco de Quevedo não deixará de assumir toda a responsabilidade que sôbre êle possa impender.

Contudo, pelo seu passado, pelo seu carácter, pela sua inteligência, pelo devotado amor que sempre dedicou à sua profissão e pela sua inabalável lialdade aos seus superiores hierárquicos, essas informações hão-de ser as melhores, porque