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Scssãv de S e 9 de Abril de' 1921

Muitas mais -considerações teria a fazer sobre este tam importante assunto, mas não quero alongar-me para não tomar mais tempo., .nem fatigar a -Câmara.

Aproveito o ensejo de estar presente o Sr. Ministro do Comércio para lho pedir o favor de ouvir duas palavras que vou dizer, referindo-me .a assuntos do seu Ministério.

V. Ex.a, que é, como eu, do norte, sabe muito bem que actualmente existe unia única ponte sobre o Douro, além da do Porto — a ponte do Pinhão—e sabe a importância que ela tem para as comunicações e tráfego das importantes regiões de Trás-os-Montes e da Bdira, que .ela serve.

. Nilo é possível fazer um cálculo aproximado, tanto mais que não temos estatísticas do número de passageiros, de veículos do todas as ordens e da quantidade de mercadorias que transitam por essa ponte. Mas sabe-se bem que tem aqui imenso trânsito o tráfego, para o que basta a sua situação em frente da estação do caminho do ferro do Pinhão, no . coração do Alto Douro, e que é de absoluta necessidade a sua existência para aqueles povos, seu comércio, o relações.

Esta ponte foi uma das destruídas, ou tentaram destruir, há dois anos, quando do movimento monárquico do norte, para impedir que as tropas do Sr. general Hi-pólito, operando na Beira, pudessem atravessar para Trás-os-Moutes.

Felizmente, não sucedeu como com a ponte do Mosteiro, que ficou completa-inente destruída. Na do Pinhão foram ligeiras as avarias, limitadas a uma pequena extensão do piso do leito da ponte.

£Pois sabe V. Ex.a, Sr. Ministro o que sucedeu?

A reparação dessas avaTias, quo podia ter custado na ocasião muito pouco dinheiro, talvez pouco mais de um cento do -escudos, não se fez, e, para se estabelecer provisoriamente o trânsito, foi preciso que pessoas beneméritas, lavradores da região, mandassem, à sua custa, proceder às reparações indispensáveis para evitar enormes prejuízos,'o, assim consertado, ou melhor, remendado o leito numa extensão de, aproximadamente, 12 metros, ficou a ponte em estudo de se poder utilizar.

Pois bem, Sr. Ministro: a ponte há dois anos que continua tal como os particulares a deixaram, porque ainda o Estado não achou o momento azado para intervir e fazer os consertos que imediatamente deveria ter realizado, a fim de evitar as fatais maiores despesas que importaria o adiamento das reparações. E a ponte está hoje, dois anos decorridos, como no primeiro dia, virgem de qualquer intervenção dos serviços e cuidados das obras públicas, que nem ao menos se importaram ou interessaram em recolher e guardar os materiais que caíram ao areal do rio, o que completamente se teriam arrumado, ou teriam desaparecido se não fora o cuidado dalguém da localidade, quo parte das cousas mandou recolher e guardar para, ainda pelas obras públicas, na ponte poderem ser utilizadas.

. Devo declarar, Sr. Presidente, que não quero atribuir a nenhum funcionário, em especial, as responsabilidades do abandono a que foi votada a ponte, nem fazer acusações ao director das obras públicas de Viseu, que nem sequer de nome conheço ; não; quero apenas fazer notar o que sáo o como se passam as cousas públicas e oficiais no nosso país, onde, a despeito, por vezes, da melhor boa vontade e interesso dos funcionários, as organizações o o Estado tudo entravam e dificultam.

Mas, como ia dizendo, parte do material do leito da ponte lá está ainda no areal do rio, outra parto encontra-se arrecadada no Pinhão, o a compostura da ponte por lazer continua, apesar de ser uma obra útil, indispensável, cujo adiamento tam prejudicial ó para o Estado que cada vez mais perde, porque as reparações, há dois anos fáceis o baratas, passaram a custar cinco ou dez vezes mais, à medida que o tempo vai passando e a execução das obras se vai adiando.