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Sessão de 22 de Abril de 1921

e poderia ter influído no Sr. Bispo para consentir no boletim essa notícia.

O Sr. Dias de Andrade: — Depois do que disse o Sr. Pereira Osório, só tenho a declarar que me associo não às palavras de elogio, mas de inteira justiça,- ao actual Bispo de Coimbra.

Disse eu ontem que, feita justiça aos mortos, era preciso fazer justiça aos vivos, e dizer que o actual Bispo de Coimbra merece a consideração de todos.

Devo acrescentar que não pretendo nem devo diminuir as responsabilidades do Bispo de Coimbra quanto ao boletim.

Ali nada ó publicado sem o consentimento do prelado, e essa notícia foi publicada por determinação expressa do Sr. Bispo, que o fez não por ódio ou pre-seguição a alguém, mas no cumprimento do que julga ser o seu dever. Esse homem pôs-se voluntariamente fora da Igreja, deixando.de ser católico, e, assim, o Prelado entendeu do seu dever prevenir os párocos que esse indivíduo não devia prestar serviço nos actos preparatórios das funções religiosas.

Esse acto ó da inteira e completa responsabilidade do Sr. Bispo, e nem ele declina essa responsabilidade.

Não é por ódio que assim procedeu, é no cumprimento estricto do seu dever.

Tenlio dito.

O Sr. Travassos Valdês: — Sr. Presidente : pedi particularmente a comparência do Sr. Ministro da Marinha, porque desejava trocar com S..Ex.a algumas impressões sobre um assunto rospeitante à armada. E agradeço a S. Ex.a o ter acedido ao meu pedido.

Sr. Presidente: a crise por que vem atravessando o nosso país e que, para infelicidade nossa, tem produzido a subversão e a desorganização de todos os serviços públicos, também, como não podia deixar de ser, se tem feito sentir na armada, onde todos os serviços se encontram numa verdadeira desordem.

Não temos o material que convém e que compete a uma nação de largas tradições marítimas e que ainda possui um vasto império colonial. •

Os navios, mercê da má administração do Arsenal, que, sendo do Estado, tem os defeitos que já aqui foram apontados, es-

tão incapazes de navegar, não1 servem para aquilo para que foram" necessariamente construídos; e o pessoal sente-se também, e muito, do estado de desorganização, de decomposição em que tudo se encontra no nosso país.

Não se trabalha, não se estuda, não se tem já talvez amor pela profissão. Procura-se, quando muito, safar a rascada. AS vezes lá aparece um prurido de se cumprir a lei sem se olhar à impossibilidade que o meio, assim desorganizado, oferece à sua execução. E assim, meus senhores, há uma viagem que já se deveria ter feito há meses para se cumprir um preceito legal, qual é o dos guardas marinhas que completaram o curso fazerem o seu exame para segundos tenentes e que, dependendo da utilização do Vasco da Gama, tem sido sucessivamente adiada e... sê-lo há talvez ainda por muito tempo... Depois destes rapazes, que são uns trinta e que têm já o seu tirocínio, terem embarcado para exame é que se reconheceu que o navio não pode sair sem que se proceda a uma reparação que, segundo as informações que obtive, deve durar algumas semanas !...

Ora este facto não só prejudica os interessados, como todos os serviços da armada, onde não há segundos tenentes e existem muito poucos primeiros tenentes. Sucede até que, neste momento e segundo informações que tenho, há apenas dois segundos tenentes embarcados. Os guardas marinhas estão, por este motivo, desempenhando um . serviço que lhes não compete e de que não podem ter a responsabilidade que a lei permite que seja exigida a um primeiro ou a um segundo tenente.

E uma situação anormal e a que ó urgente obviar. Chamo para ê,ste facto a atenção de V. Ex.% Sr. Ministro.

Parece-me que, atendendo-se às circunstâncias especiais em que o. país se encontra e à. necessidade de se reorganizarem os serviços da armada, se poderia, mais uma vez ainda, este ano, dispensar o cumprimento desta formalidade do exame, que no nosso país nada representa e que é de nenhum valor quando, como agora, ó feito (se o for...) num mau navio, sem dinheiro para gastar carvão nem para dar tiros!