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Diário das Sessões do Senado

cal, tendo mais, além dessa despesa de 18 contos, nada menos de dezoito empregados de contabilidade ! E, depois deste estado maior de empregados, friso este facto: que se vai ainda estabelecei' essa auditoria numa colónia que tem um orçamento de 800 contos!

Bem sei que essa criação não é da autoria do actual Ministro das Colónias, e creio mesmo piamoiite que esse ilustre Ministro vai estudar esse problema com a atenção que ele merece. Certamente S. Ex.a trará ao Parlamento uma proposta eliminando essa auditoria, e procurando extinguir o déficit que asfixia a vida inteira da nossa excelente colónia do Extremo Oriente.

Mas não fica por aqui, é preciso que o país o saiba, a maneira como se governa a província de Timor, que é aquela de que particularmente me ocupo, como se tratam as suas melhores receitas, e como se desperdiçam dinheiros com despesas, que reputo inúteis.

Em consequência da substituição do último governador da monarquia em Timor., quem o foi substituir, para uma hipótese do governador não entregar ao seu sucessor o governo da província, fez-se o primeiro governador da Repiblica acompanhar duma companhia indígena de Moçambique, e uma outra que se lhe seguiu, e que absorvem, sem nenhuma necessi-• dade, cerca de 58 contos.

Mas há muito mais e mais curioso : Timor é uma província absolutamente ocupada, sem nenhuns receios de sublevações de maior, nem de alteração de ordem ; pois, apesar disso, tem actualmente uni enorme estado maior.

Tal estado maior, Sr. Presidente, não se pode manter, nem é indispensável, segundo as informações mais fidedignas.

Tem, é certo, o Governo o dever indi-clinável de manter uma fiscalização rigorosa nessa província, como nas demais, e de assegurar a sua ocupação, mas estou, também convencido de que, por uma sucessão de factos e por uma série de iníormações da maior honestidade, era Timor é absolutamente dispensável tanto funcionário e tanta tropa, e pode ser substituído todo esse pessoal sem que haja qualquer alteração de ordem na província, sem que a contabilidade e o controle financeiro deixe de fazer-se era dia.

Mas ainda há despesas que saltam á vista somo supérfluas e demonstrativas duma distracção di> Ministério das Colónias.

(Leu, várias verbas que reputa desneces-cessárias).

Assim, há um director de Agronomia, que era há pouco substituído por um funcionário técnico da mais modesta classificação. E o Sr. Ministro das Colónias recorda-se ainda, por certo, de que'no tempo em que lá esteve como médico havia apenas três médicos, e agora há sete ! Sete médicos !

Só o Governo atentar em que as recei! tas dos últimos orçamentos diminuíram 8.500?% que tem decrescido até 1918 as exportações, som uma correlativa diminuição nas importações, vê-se que o caminho para saldar esses deficits não é só o de reduzir despesas, como é aliás mester, mas fomentar a exportação de produtos que se encontram armazenados, a apodrecer, como sucede com o café, cacau, etc.

É indispensável provocar, por todos os meios, a exportação para aumentar a ri-quoza, e produzir a receita aduaneira correlativa.

O Governo responderá certamente, por-quo diz sempre a mesma cousa, que a província está muito distante da metrópole, e a exportação dos seus produtos não compensaria uma despesa enorme que seria feita com um vapor qne lá fosse. E o problema da navegação que tem de ser resolvido também.

Mas suponho que o Governo teria unia forma de conciliar os interesses da província de Timor, e àe fomentar essas riquezas naturais, sem que fosse obrigado a sobrecarregar o Estado. E era, talvez, estabelecendo uma carreira regular para os portos não só daquela província, como da índia e de Macau.

£ Depois quem é que garante que outros portos estrangeiros não utilizariam esses vapores?

Tal navegação tem estado nas mãos dos estrangeiros, nas rnãcs de quem afinal estão também os nossos produtos coloniais do Oriente.