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de 29 de Janeiro de 1924

tarias do Ministério dos Negócios Estran-geiros e que têm.-a categoria de. merecer confiança aos Governos republicanos, fez--se o provimento dessas duas legações, uma com um indefectível republicano, o que já se não dá com a outra, afectando a consciência republicana uma tal nomea. cão. Quere dizer: paia a escolha do Sr-Augusto de Castro uma alta individualidade influiu.

Se assim ó, permita-me V. Ex.a, Sr. Presidente, que eu declare que essa individualidade se está afastando do círculo dos" seus direitos e das suas obrigações e que não devia ter uma interferência tam profunda na escolha de pessoas que devem exercer cargos políticos de confiança da Eepública.

O Sr. D. Tomás de Vilhena:— Não mo

consta que o Sr. Augusto de Castro seja monárquico.

O Sr. Oriol Pena: -Devo pertencer ao grupo dos amarelos.

O Orador: — O que eu posso afirmar é que o Sr. Augusto de Castro não é republicano, nunca se afirmou em qualquer dos partidos organizados na Eepública, não fez nem faz parte de nenhum grupo republicano.

As suas afirmações no Diário de Noticias mostram que S. Ex.a ó um conservador, e esse serviço que tem prestado à República é efectivamente digno de elogio e merecedor da minha consideração como republicano e cidadão, mas daí a dizer-se que a política seguida no Diário de Notícias deve ser reconhecida como republicana, vai uma grande distância.

Já a Câmara conhece a política engendrada pelos anteriores Governos para fazerem o convite ao Sr. Augusto de Castro.

Para a legação de Paris foi convidado o Sr. António da Fonseca. E um prémio de consolação.

Eu estou certo que ó Sr. Augusto de Castro há-de querer que se respeitem os convites que lhe foram feitos cm nome do Governo, porque neles entrava um Presidente de. Ministério (o Sr. António Maria da Silva), um Ministro dos Negócios Estrangeiros (o Sr. Barbosa de Magalhães) e foram ratificados esses convites pelo

; actual Ministro da mesma pasta, Sr. Domingos Pereira.

Mas "o Sr. Augusto de Castro, quu ó uma pessoa de bem, não pode acoitar ôsse cargo..

O Século de hoje já o dá a entender.

E, Sr. Presidente, é justo que assim proceda o Sr. Augusto de Castro, porque ele fica déplacé na legação de Londres. As suas relações com muitas pessoas francesas, o conhecimento que ele tem da política francesa poderiam bem ajudá-lo a desempenhar o seu lugar ali.

Mas, em Londres, começa por ignorar o idioma, não conhece os políticos ingleses. E embora S. Ex.a seja um escritor superiormente inteligente e ilustrado, mal conhece os escaninhos da política internacional, e principalmente do foreign Office.

A conferência que ontem teve fói para agradecer comovido o oferecimento do Governo, e sobretudo a pressão feita por uma alta personalidade política, e para a qual, embora eu tenha por cia a maior consideração, se continuar a fazer indicações desta natureza não pode deixar de ter a minha reprovação.

Ora, Sr. Presidente, como os convites foram feitos em nome do Governo, e como o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, pessoa para a qual vão os meus maiores respeitos, não pode vir ao Senado, ninguém, mais competente que o Sr. Presidente do Ministério para dizer ao Senado quais as razões que levaram o Governo a fazer um convite desta natureza.

Mas devo dizer já, que, por mais argumentos que S. Ex.a arranje o consiga como bom republicano que é. eu de ante^ mão declaro a V. Ex.a que não há rua-neira de concordar com a resolução que o Governo tomou.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças (Álvaro de Castro): — Sr. Presidente: a responsabilidade da nomeação dos representantes de Portugal no estrangeiro pertenço ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Se o Sr. Ribeiro de Melo se referia ao Sr. Presidente da República quando dizia que tinha havido compromissos tomados por altas personalidades da República, devo dizer quo só onganou.