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Diário das Sessões do Senado

Mas eu dt>vo dizer que o Governo foi colhido de snrpreza com a morte do grande português que foi Teófilo Braga, e não só o Governo, como toda a Nação, e nessa conformidade encontrou-se na Câmara dos Deputados na necessidade urgente de resolver imediatamente o caso. cuja resolução se ressentiu naturalmente da precipitação. Foi preciso redigir ima lei e desse alan, dessa precipitação, resultou a nomeação de uma comissão composta também ad hoc. • Mas eu posso garantir, e até invocar a minha palavra de honra, que não houve a menor desconsideração por não ter sido nomeado nenhum membro do Senado para. fazer parte dessa comissão. Tirem V. Ex.ai da sua idea a possibilidade de haver a menor sombra de desconsideração. Garanto em meu nome e no de todo o Governo.

Incontestavelmente não faz sentido que o Dr. Teófilo Braga, tendo sido livre pensador, vá para a igreja do Jerónimos, mas a verdade é que, sem ser por culpa do Governo, não há panteão.

Eu tenho uma vaga idea de que havia qualquer disposição legal mandando considerar o mosteiro dos Jerónimos como panteão nacional; não me atrevo a afirmá-lo, mas desde que o Sr. Carlos Costa me avivou a memória, vejo que realmente não estava em erro.

O que é facto, porém, é que isso não remediava o caso, porquanto, pelo facto do mosteiro dos Jerónimos ser panteão nacional, não deixa de ser um templo, não podendo para lá ir pessoas que nunca foram religiosas.

Uma voz:—E-que repudiavam essas ideas.

O Orador : — As considerações do Sr. Herculano Galhardo foram incontestavelmente muito hem cabidas, em chamar a atenção do Governo para o lugar onde foi colocado o cadáver de Guerra Jun-quçiro, mas a verdade é que eu fui dos que pretestaram por se ter colocado o codáver de Guerra Junqueiro a um canto da casa do capítulo, que é monumento de Alexandre Herculano.

Neste momento, creio que evitaremos um caso desta natureza, e que a proposta do Sr. Augusto de Vasconcelos, alvitran-

do que Teófilo Braga seja provisoriamente depositado nos claustros do mosteiro é absolutamente de receber e a todos satisfará até que-tenhamos ocasião de construir um panteão nacional.

Até aijui não se tem conseguido isto.

E uma vergonha; e se ela se não evitou até aqui, einquanto eram permitidos alguns desperdícios, hoje, quando a senha é comprimir despesas, muito mais custará evitá-la.

O edifício de Santa Engrácia não está eln condições de receber os restos mortais de nenhum desses homens ilustres, e se se pusesse lá algum tinham de se fechar as portas, para que se não assistisse ao espectáculo deprimente, algum estrangeiro que conseguisse lá entrar, de ver como tratávamos um dos primeiros portugueses da nossa época.

Eu creio, Sr. Presidente, que, tenda tomada em atenção os protestos apresentados pó:: V. Ex.as e dizendo que os vou recomendar insistentemente ao Sr. Presidente do Ministério, respondi às considerações que V. Ex.as fizeram.

Há porém uma a que eu, sem ter a honra de ser Senador, tenho contudo de me associar: é aos protestos feitos contra um jornal de Lisboa que se permitiu atacar esta alta Câmara, e que representa uma injustiça mais flagrante porque partiu de um jornal republicano.

,:Pois então o único homem que em Portugal teve a honra de ser duas vezes Chefe do Estado poderia ter sítio mais condigno que o Parlamento para estar antes fde descer à última jazida?

É extraordinário de audácia o artigo publicado dizendo que não é ôste o lugar onde estava bem.

En associo-me aos protestos apresentados no Senado em nome do Governor que, não fazendo parte do Legislativo, é todavia um dos Poderes do Estado.

Vozes:—Muito bem, muito bem.

O Sr. Augusto de Vasconcelos (para explicações): — Agradeço ao Sr.Ministro-do Interior as suas explicações.

Disse eu que a primorosa educação de-S. Ex.a se sentiria mal com a situação-que lhe foi criada.