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Diário da Câmara do» Deputado*

Uma pessoa muito chegada ao Sr. Dr. Augusto de Castro disse-me que esse convite não seria aceito; e que dentro em breve iria S. Ex.a declinar o honroso convite.

Mas não foi o declínio do honroso convite qae levou o Sr. Dr. Augusto de Castro ao Palácio das Necessidades, mas sim os agradecimentos pela oferta de tam alto cargo.

Sr. Presidente : se o Governo presidido pelo grande republicano Álvaro de Castro está satisfeito com tal nomeação, não o podem estar nem o Senado, nem o País, e mormente os republicanos. E estes últimos porque não querem ver mais ama padaria inglesa dentro dos organismos republicanos.

Sr. Presidente: se altas influências, e altas ea tam altas que atingem o próprio Chefe de Estado da República Portuguesa, intervieram nesta nomeação, mal vai, Sr. Presidente, aos destinos da República e a todos nós, porque temos o dever de defender os interesses da República, tendo sobretudo e principalmente em vista o melhor respeito, a maior consideração e a maior competência na escolha para os altos cargos da República de individualidades estritamente republicanas.

O Sr. Procópio de Freitas: — Apoiado.

O Orador: — Sr. Presidente: tal não se fez, e tal não se tem praticado em regra, por culpa não do povo republicano, não dos partidos organizados da Republica, mas por culpa das influências estranhas e que sistematicamente têm entravado a acção ministerial republicana, nesta resistência passiva de que a República tem sido vítima seguramente desde 1914 para cá.

O Sr. Procópio de Freitas: — Apoiado.

O Orador: — Sr. Presidente: infelizmente eu faço parte do funcionalismo do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Não entrei pela janela, alcancei o meu lugar por concurso, em 5 de Agosto de 1910.

Era então já, republicano, como repu-. blicano sou ainda hoje, e como espero , morrer abraçado ao ideal republicano.

Mas é que então eu era um republicano cheio de amor e fé, esperançada no ressurgimento do meu País pela manhã gloriosa em que se proclamou a República.

Era um idealista porque esperava que os republicanos do meu País iriam fazer o ressurgimento da Pátria e da nacionalidade, sem ódios, sem rancores, com aquela correcção e alma eminentemente republicanas, que pretendiam a regeneração dos sistemas políticos, a moralidade na administração da Nação.

Idealista eu fui, Sr. Presidente, e, apesar dos ataques que o meu ideal republicano tem sofrido, apesar dos latrocínios e desvarios cometidos dentro da administração republicana, apesar de eles terem sido tantos, não conseguiram ainda amortecer em mini o espírito arreigado de republicano, que à outrance, acima de tudo, pugna pela pureza dos princípios, quere que o Governo da República estabeleça, de uma vez para sempre, a moralidade-do regime.

Quero preguntar ao Governo, e sobretudo ao Senado, se se pode admitir que, Ministros republicanos, como o é indiscutivelmente o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, possam continuar neste-ambiente de irregularidades e de atentados ao regime, a ponto de se não saber ainda hoje, passados 13 anos depois da proclamação da República, se à representação internacional convém que o Governo republicano nomeie pessoas estritamente republicanas, ou se exigem que para as principais Itógações da Europa sejam escolhidas pessoas desafectas ao regime.

Era esta a questão que eu queria p&r ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, se estivesse presente.