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Diário das Sessões do Senad»

pasta da Guerra, meu actual correligionário, respondeu a uma entrevista do Sr. general Gomes da Costa publicada n~im jornal de Lisboa?

Respondeu mandando-o para o forte de Eivas, onde cumpriu a pena disciplinar que lhe aplicou o Sr. Ministro da Guerra.

E uma das pessoas que hoje mais defendem a ditadura disse então quo a disciplina não era somente para a& praças e sargentos, era também para os oficiais, muito principalmente para os onciais de alta patente.

Tem V. Ex.a o precedente aberto, Sr. Ministro da Marinha.

£ O que é que V. Ex.a vai fazer ao comandante Filomeno da Câmara, que afrontou o Parlamento chamando-lhe r&-pazío de S. Bento?

Não é ele mais patriota que o último dos patriotas que tenha aqui assento, não é mais republicano que qualquer dos republicanos que tenha assento em qualquer das duas Camarás, não é ele maior defensor da liberdade, mais respeitador da Constituição, mais amigo do povo, do que os parlamentares que têm a honra de se sentarem no Congresso da República, que são homens briosos e dignos, portugueses honrados, e que devem pelo menos por isso merecer o respeito e consideração a criaturas que têm um galão dourado e largo nos punhos do seu dólman.

No Ministério da Marinha tem-se aberto uma grande brecha de má vontade co:itra as praças e sargentos que se têm revoltado, e muitas vezes com carradas de razão, contra as injustiças que lhes são feitas.

Eles pereceram no 14 de Maio, e V. Ex.a fez então também parte dos revolucionários.

Para derrubar a dinastia de Sidónio Pais, apareceu a marinha como um dos factores mais importantes, nesta contenda entre os republicanos constitucionais e os que o não eram.

Depois em Monsanto lá vemos escalar aquela serra, onde tremulava o pavilhão da monarquia, os marinheiros, a verterem o seu sangue para o triunfo mais •uma vez da República.

E não foi o Sr. Filomeno da Câmara, e poucos ou nenhuns foram os oficiais de patente superior da marinha, que são

hoje os que dirigem, os que querem disciplinar a marinha, a maruja e os oficiais inferiores dependentes do Ministério da Marinha, que se bateram pela liberdade.

Para os inferiores é que o Sr. Ministro-da Marinha deve olhar, perdoando-lhes as faltas, porque esses, coitados, em regra, siio arrastados pelos chefes ou chefetes-das revoluções, e ser implacável para os-dos galões largos, que andam à capucha tentando conquistar as simpatias da própria maruja para implantar a ditadura em Portugal.

E o que é mais para estranhar é que^ no próprio jornal Diário de Lisboa vêm duas entrevistas. Uma, do velho glorioso republicano de sempre. Magalhães Lima, defendendo a Constituição em toda a sua pureza, reavivando aqueles sãos-princípios proclamados em õ de Outubro* de 1910. A outra é de um novo, João de Castro, que, enfileirando com Cunha Leal,. Filomeno da Câmara e tantos outros, defende a ditadura.

Precisamente este novo João de Castro., que se formou com o dinheiro do Estado,, com o auxílio da República, ó que é menos republicano e menos patriota.

O velho Magalhães Lima ataca a ditadura que se premedita, que anda na forja, e o Sr. Filomeno da Câmara, afrontando o rapazio de S. Bento, diz que tem a espada já desembainhada para comandar os marinheiros contra os parlamentares.

Mas a resposta mais grandiosa que se podia dar àqueles que pretendem atingir a Constituição da República, e que andam reúnindc todos os desordeiros da Nação para implantarem o regime da ditadura, é este artigo «Frente a frente», escrito-por um bom republicano de sempre, Mayer Garção . . . (Muitos apoiados), que deve-merecer no Senado a honra de ser publicado no Diário das Sessões, possivelmente até publicado no Diário do Governo, como a resposta mais formal às afrontas qu& nos dirigem todos esses mazorqueiros.