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Diário das Sessões do Senado

publicanos, eu na"o tenho dúvida nenhuma em podir à Câmara que me permita ler artigo por artigo dos publicados no Diário de Noticias. E, se o Sr. Ministro dos Estrangeiros quiser ver as cousas com um critério ponderado e for aquela criatura que tem necessidade de imprimir um carácter republicano a todos os actos da sua pasta, S. Ex.a concluirá que deveria ter hesitado em fazer convite ao Sr. Augusto de Castro para nosso Ministro em Londres.

Eu sei qus o Sr. Ministro da Marinha, que aliás me está honrando com a saa atenção, apenas pode fazer no caso presente um papel de espectador, e possível é que, mesmo que S. Ex.a deseje transmitir ao seu colega a parte principal das minhas palavras, não o possa fazer com-pletamente.

Mas, se S. Ex.a quisesse ser gentil, poderia fazer sentir ao Sr. Presidente do Ministério para não perturbar a doença do Sr. Ministro dos Estrangeiros, — a situação deprimente em que o Governo se colocou com o arauto da moagem, mandando o Sr. Augusto de Castro para a legação de Londres.

O Sr. Ministro da Marinha, que é um republicano sincero, embora não seja partidário, que é um oficial disciplinado e disciplinado!', com franqueza, sendo um patriota e republicano como é. não poderá sentir-se com a consciência tranquila na sua cadeira de Ministro, se, porventura, o Governo mantiver tal nomeação, pois S. Ex.a amanhã será salpicado' com a farinha da moagem e amanhã irão dizer que também é um fiscal da moagem» com interesses ria Companhia de Portugal e Colónias.

Eis a que ponto está reduzida a nossa legação em Londres:—Portugal e Colónias.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro da Marinha (Pereira da Silva): — Sr. Presidente: sendo este. a primeira vez que tenho a honra de falar nesta casa do Parlamento, é de meu dever saudar a Câmara, a quem apresento os protestos da minha maior consideração.

Ouvi as palavras proferidas pelo Sr, Senador que tratou do assunto relativo à

nomeação do nosso Ministro em Londres e devo dizer que, sendo esta a primeira vez que falo no Senado, lamento não poder responder, com precisão e com o acerto devido, às considerações feitas pela ilustre Senador. Mas o íissunto de que se trata tem ligações com questões de ordem política internacional, e eu. confesso, não estou habilitado, não só por ser Ministro da Marinha, como também por ser a primeira vez que me encontro a tratar de questões de ordem política, a dar uma resposta completa, como era meu desejo.

Em todo o caso esforçar-me hei por transmitir ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros e ao Sr. Presidente do Ministério as considerações que S. Ex.a fez, lamentando não o poder fazer fielmente e por isso desejo que S. Ex.a me dê alguns apontamentos que me auxiliem nesta missão.

S, Ex.a referiu-se também a um facto que diz respeito ao meu Ministério.

Eu, como Ministro da Marinha, devo dizer u Câmara que não permito, nem devo -permitir, qualquer falta de respeito pelo Congresso da República.

Muitos apoiados.

Tenho sido quási só militar durante toda a minha vida, mas como militar cultivo o princípio da máxima lealdade, e por isso devo declarar, com a máxima lealdade, que, infelizmente, não li a entrevista em que há referências que parecem pouco primorosas para o Congresso da República. Vou, porém, lê-la atentamente, e> se no meu espírito houver a mais pequena indicação de menos respeito para o Congresso da República, procederei dentro das atribuições que a lei me confere.

Mas S. Ex.a não se referiu só a este facto, disse que eram perseguidas praças da Armada que são bons republicanos.

Devo declarar, Sr. Presidente, que republicanos é quási a totalidade dos militares da Armada, lamentando muito que se pretenda fazer distinção entre comandantes, oficiais inferiores e praças.

São tam bons republicanos os oficiais, como os sargentos, corno as praças, e quaisquer considerações que tendam a concorrer para a divisão entre os militares da Armada ó injusta e perigosa, porque pode produzir a indisciplina.