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Sessão de 6 de Fevereiro de 1924

competência que mereçam a honra de um convite para, essas legações, e termos de ir .enfarinhar-nos na moagem, buscando um dos seus melhores arautos para ir ocupar esse lugar.

«jSerá este porventura, o desejo do Sr. Ministro dos Estrangeiros? ,;Terá o Governo desojo d» lançar este escárnio à face dos republicanos?

Não são só os republicanos que com isto se sentem; sente-se também a maior ria da Nação, a parte da Nação, que come o pão da moagem, que se gaba de ter invadido os partidos republicanos.

Desde o Sr. Presidente da República ao mais humilde funcionário do Estado, ninguém pode ver bem tal nomeação; ela é imprópria dum Governo republicano, suja as mãos dum Ministro da República, deminui de republicanismo o Governo do Sr. Álvaro de Castro! E então:, se o Governo tem necessidade de dizer que não pode manter essa nomeação, que o diga sem f demora.

I É. espantoso tudo isto, Sr. Presidenteí

Não quero nem desejo cansar a atenção da Câmara, mas ponho à disposição do Senado as entrevistas publicadas no Diário de Noticias e a réplica que lhe deu o Sr. Trindade Coelho. Possa ela levar o 'Senado a revigorar a sua fé republicana e dizer depois se o Governo Álvaro de Castro pode manter a nomeação do Sr.> Augusto do Castro para a legação de liohdres.

Se- houvesse responsabilidade ministerial, ver-se-iam, Sr. -Presidente, quem eram os culpados no assunto.

Foi o Sr; Barbosa de Magalhães, acompanhado e apoiado pelo Sr. António-Maria da Silva, que começou esta1 obra.

Jiistá agora nas cadeiras do Poder um Governo independente, sob o ponto de vista partidário.

Ele quere entrar no verdadeiro caminho da administração pública,; ele quere.;

produzir uma obra compatível com as circunstâncias da Nação; entretanto, começa por cometer a nomeação do homem da farinha.

Não sei, Sr. Presidente, se há políticos a que a moagem deva alguma cousa; se há, a moagem que lhes pague.

Mas a Nação e a República ó que não podem consentir que o Sr. Augusto de Castro, o maior dos moageiros, baixarei formado em direiío> que nunca abriu banca de advogado, vá representar Por-tugal em Londres.

Ainda me lembra que o Sr. Augusto de- Castro, quando iniciou a sua carreira de/ dramaturgo no antigo Teatro de D. Amélia, numa comédia intitulada O chá das cinco, viu assistir a ela muitos republicanos de fresca data.

A bem dizer, "foi só a alta aristocracia que assistiu a essa representação, a convite especialmente feito, em termos rendilhados, pelo Sr. Augusto de Castro, porque S. Ex.a nas suas afirmações e nos actos públicos da sua vida fazia questão de mostrar que defendia o regime monárquico na sua qualidade de sobrinho e herdeiro das tradições políticas de José Lu-ciano de Castro.

Em 1922, pairava no "espírito público a impressão de que

'Essa impressão pode ter desaparecido do espírito dos seus correligionários mo* nárquicos, que podem achar boa essa política, mas quem não a acha assim são aqueles que se integraram na República com espírito firme de lealmente satisfazerem aos interesses da Pátria e da República, inclusivamente o Sr. Álvaro de Castro e talvez até o Sr. Domingos Pereira, quando a valer consultarem a sua consciência de republicanos.

Num trabalho de três anos, eu tenho cortado dos jornais -de-maior publicidade todas as notícias que dizem respeito à nossa política internacional.

Todos esses- artigos, por assim dizer, são de animosidade contra a política de salamaleques.

Eu não sei se a Sr. Augusto de Castro tem a coragem de aceitar o lugar de Ministro de Portugal em Londres.