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Sessão de 12 de Março de 1924

vai ao Brasil e à Argentina com o placet de um Ministro do Comércio inspeccionar as maroteiras dos T. M. E., que não ignorava mas que não viu, esquecendo-se ante a contemplação das belezas cariocas, de que estava sendo pago em ouro pela Nação para zelar e defender parte do seu património.

Olvidou, como tantos outros, que o ouro do subsídio diário era o produto desta miséria que está matando lentamente o povo português e que a breve trecho aparecerá, irado de cólera, a pedir, 'severas contas a todos quantos exploraram o grande teatro dos T. M. E.

Mas, oh! Sr. Presidente, as galerias que assistiram a tam vergonhoso espectáculo, cujo drama levou mais de quatro anos a encher-a paciência do público, estão alerta e não perdoam jamais a inércia dos Governos e a perversidade dos seus homens tidos como os melhores estadistas.

Já ouço a pateada hoje, e am'anhã ouviremos todos os gritos de uma revolta plenamente justificada pelos Nunes e pelos Ribeiros que se multiplicaram no assalto que tornou possível a derrota dos T. M. E.

O Sr. Presidente (intemompendo): —-Se V. Ex.a deseja, fica com a palavra reservada, porque tenho de dar a palavra a outros Srs. Senadores que a pediram para antes de se encerrar a sessão*

O Orador:—É pena, Sr. Presidente, porque eu desejava pedir ao Sr. Ministro do Interior, que acaba de entrar na Câmara, para ordenar à sua polícia a prisão dos criminosos responsáveis nos latrocínios dos Transportes Marítimos do Estado, e que, em vez de mandar cortar as melenas aos desordeiros das vielas de Lisboa, cortasse antes as unhas a estes petroleiros da honrada administração da República. : < •

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Nuno Simões): — Se o Sr. Ministro do Interior aceitasse o alvitre de V. Es.a, simplesmente prejudicaria a acção dos tribunais, razão porque, não é de aceitar.

O Orador:—V. Ex.* é de, muito boa fé. Pois fique sabendo que os navios hão-

-de acabar e os criminosos responsáveis pela ruinosa administração da frota jamais serão chamados à- responsabilidade. Há um poder .secreto e mais alto a protegê-los. . . . :•

Antes de fé encerrar a sessão

O Sr. Gosta Júnior: — Agradeço ao Sr. Ministro do Interior a amabilidade de se conservar no edifício do Congresso para me atender.

Chamo,a atenção de S. Ex.a para dois assuntos.

Um deles diz respeito ao Governador Civil de Leiria.

Como S. Ex.a sabe, o Governador Civil de Leiria tem andado em conflito com a Janta de Avelar, e há dias agrediu um indivíduo, o correspondente de O Século,. em uma assemblea eleitoral-

Não se pode .admitir que um governador civil, lá porque .não- está de acordo-com uma junta de freguesia, crie um outro partido-médico e pratique agressões-

Quere-me parecer qae não pode continuar à frente dum distrito tal autoridade adentro dum regime'republicano.

Um outro assunto me leva a chamar a. atenção do Sr. Ministro do Interior, que ó a forma como está sendo executada a lei seca.

Como médico, devo dizer que tenho observado ser o álcool causa de doenças. O- álcool produz degeneresc'ências graves, e por isso ó preciso evitar o seu consumo. . .

O Sr. Ministro do Interior compreende perfeitamente que, cumprindo a lei, presta .um grande benefício à humanidade.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ferreira de Simas: — Sr. Presidente: pedi a palavra para juntar também os meus protestos aos já apresenta dos-pelo-Sr. Costa Júnior, especialmente com respeito à revogação dessa lei seca/ que pôr sinal é muito molhada.

Parece-me que essa lei foi suspensa na Carnaval, época que-já de si é de orgia, permitindo-se ainda que haja -tabernas abertas fora de horas.