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Sessão de 12 de Marco de 1924

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nhãs». Kepare bem a Câmara neste peda.-•cinho que vale ouro: «Os salvados do índia ardem periodicamente: quási'a pra-.zos certos,'como se o fogo desempenhasse .uma função necessária, previamente estabelecida, na táctica administrativa dos fatídicos T. M. E.» etc. etc. Assim parece que, o que a Administração dos Transportes Marítimos desejava, era que os navios ardessem .todos duma vez, quer nos portos quer no mar, que o fogo pregasse com o pessoal e tudo no fundo, para que .as cinzas ou o mar sepultassem todos os erros e todos os'crimes.

Sr. Presidente: era Ministro do Comércio o Sr. Lima Basto. S. Ex.a é meu correligionário. É uma personalidade tam alta dentro da política portuguesa, que tem sido indicado e convidado insistentemente para ,os mais elevados cargos da República. É, portanto, S. Ex.a no alto do seu pedestal político, também um grande responsável pela viciosa administração dês transportes marítimos do Estado.

O jornal A Imprensa da Manhã de 20 de Março de 1922 ainda tinha esperanças como eu, na bela administração, na honesta administração de Sr. Lima Basto, Ministro do Comércio o, portanto, apelava ainda para S. Ex.a dizendo-lhe:

O Sr. Ferreira de Simas: — Foi o Sr. Lima Basto que acabou com isso.

O Orador: — (Leu): «E uma cousa inacreditável o que o Sr. Lima Basto disse no seu discurso. Não só prevaricaram os que tiveram essas interferências delapidando criminosamente os dinheiros da Nação, como ainda prevaricaram os que sem o menor escrúpulo se locupletaram com esses dinheiros na qualidade de fornecedores e outras incumbências. Há ali fortunas feitas com os Transportes Marítimos do Estado. De uma forma legal? De uma forma ilegal? Eis o que é necessário apurar».

«De alguns casos .de ilegalidade deu o Sr. Lima Basto conta no Parlamento. Permito-me lembrar-lhe e relembrar aos leitores deste jornal o caso Rugeroni & Rugeroni tam do conhecimento do Sr. .Ministro do Comércio que nele figurou, em que o Estado ficou burlado, como se sabe. P.or certo que este não é caso único e

é de crer que os interessados na partilha dos 60:000 contos desenvolvam todos os seus esforços e actividade para cada um ficar com o maior quinhão do bolo, etc, etc». Este artigo está assinado por Gil Brás de Almeida e fica à disposição de quem o quiser ler.

Posto, isto, respondo agora ao aparte do Sr. Ferreira de Simas, meu prezado colega.

O que todos nós sabemos é que em lugar de se fazer justiça, manteve-se o tal ofício, fechado no Ministério do Comércio durante dois anos. E isto o que se sabe. Por emquanto não há mais nada de positivo, de. certo e de justiça.

Em 15 de Dezembro de 1922, afirmou a comissão liquidatária que havia encontrado graves irregularidades e até 12 de Março de 1924 ainda ninguém foi chamado à responsabilidade e todos eles gozam deste lindo sol da liberdade alfacinha.

O Sr. Roberto Baptista (interrompendo) :—V. Éx.a dá-me licença?

Um oficial castigado com 20 dias de prisão correcional por estar envolvido neste caso dos Transportes Marítimos do Estado.

O Orador:—Agradeço a V. Ex.a, mas estimaria que me dissesse por que íoi punido esse oficial.

O Sr. Roberto Baptista:—Foi punido por estar envolvido no caso. O juiz sindicante aos Transportes Marítimos do Estado participou à autoridade militar que um oficial tinha praticado uma irregularidades naqueles serviços. Mandou-se averiguar e foi punido logo i,

O Orador: — Folgo muito com as explicações de V. Ex.a Mais uma vez fica patenteado o espírito de justiça da classe militar que não está à espera de advogados interessados nem de cartas de recomendação de qualquer gabinete de Ministério para aplicar a justiça tal como se entende e tal como os códigos militares a impõem. Hossana! Já temos um delinquente amarrado à Justiça.