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Sessão de 12 de Março de 1924

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cia a uma casa que não pertencia à praça daquela cidade.

A colónia portuguesa daquela cidade é composta de 35:000 portugueses, fazendo parte do alto comércio três ou quatro firmas que desde há muito exploram os serviços de navegação.

Pois o director dos Transportes Marítimos do Estado, por conveniências que só ele ou os seus amigos aproveitavam, entendeu, contra todas as boas regras de utilidade, que devia dar a agência dos Transportes Marítimos do Estado a um súbdito de Sua Majestade Britânica, que lhe fora apresentado, ao que se diz, num dos opíparos jantares que se costumam realizar no Estoril.. .

Surgiu logo, como seria de esperar do patriotismo dos que em terra estrangeira, mas amiga, batalham pelo bom êxito das nossas iniciativas, o mais esclarecido protesto do comércio português de Santos contra tal nomeação, que por não recair numa das firmas portuguesas, dominuía o prestígio da colónia, alcançado à custa de todos os esforços e da energia daqueles que tanto honram e engrandecem a Pátria junto dos nossos irmãos brasileiros. O Sr. Nunes Eibeiro, preso a compromissos duvidosos e inexplicáveis, inas barra-dosopela grossa massa do desmazelo e do escândalo, não obstante as solicitações que se fizeram por escrito ao Sr. Ministro do Comércio de então, e por intermédio do Sr. Presidente da Kepública, como reforçando os protestos que lhe enviaram directamente, insistia no seu. lucrativo propósito.

Devo dizer que S. Ex.a o Sr. Presidente da República, está claro, limitou-se a dirigir ao Sr. Ministro do Comércio, os respectivos ofícios, conforme consta nos arquivos da nossa Câmara Portuguesa de Comércio.

Sr. Presidente: é chegado o momento de se dizer a verdade à Câmara o ao país: aqueles que delinqúiram o desbarataram os dinheiros do Estado, que não cumpriram com as suas obrigações e que se esqueceram de ser honestos, têm de sofrer o peso das suas culpas, têm de ser chamados à barra dos tribunais, haja o que houver e custe o que custar.

Nem de outro modo se pode admitir a justiça da República, nem o prestígio do Poder Executivo:

Sr. Presidente: todas essas más administrações têm esculpido com o ferrete da ignomínia a legenda Ladrões no pedestal da República gloriosamente proclamada em 5 de Outubro de 1910 por todos quantos ansiavam liberdade e moralidade.

Não há só novos ricos no comércio, mas também adentro da política portuguesa que é preciso expulsar de uma vez para sempre para que a pureza dó regime e os bons sentimentos republicanos não possam estar constantemente a ser afrontados e vilipendiados.'

Não, Sr. Presidente: a moralidade na administração pública reclamamo-la nós; republicanos de sempre, em nome da lei e da suprema justiça.

Reclamamo-la, Sr. Presidente, em memória daqueles que morreram em 5 de Outubro de 1910 e em memória dos que faleceram na defesa do regime a quando das incursões de Paiva Couceiro; daqueles que em 14 de Maio e om Monsanto e no Porto, filhos dilectos da Democracia, amantes da liberdade, sonhadores de uma República honesta, digna e progressista, comeram o pó da morte convencidos do que libertavam a Nação dos traficantes o dos maus republicanos.

Assim, não, Sr. Presidente ! E necessá; rio fazer justiça, porque o povo, a Nação, sabem perfeitamente quais são os delinquentes e criminosos que têm levado a República ao estado angustioso de miséria e de desânimo em que nos encontramos.

Dizem, Sr. Presidente, que houve sempre juizes.

Juiz supremo, pode nesta hora ser o Parlamento para dizer ao Sr. Ministro do Comércio, alma de eleição, que o Senado lhe não vota esta proposta de lei, sem S. Ex.a nos trazer aqui a certeza da. condenação de todos esses miseráveis que contribuíram para a desorganização da frota mercante do Estado.