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Diário das Sessõe* do Senado

•Grande Guerra permitiu-lhe que entrasse na propriedade do 72 navios mercantes, de modo a poder de novo afirmar-se no concerto das nações como potência mari-tima, para nfio somente acudir às suas necessidades continentais, mas dar ao vasto império colonial aquele desenvolvimento colonizador de que tanto nos orgulhamos.

Se outrora fomos um povo de navegadores, descobrindo com as nossas caravelas, e por mares nunca dantes navegados, novos mundos ao mundo, £ porque não havemos nós agora, de posse de 72 navios modernos, atestar essas qualidades de tanta monta, se os' bravos marinheiros portugueses, pela sua coragem e valentia, estavam em condições de levar o pavilhão verde rubro da Pátria portuguesa a todos os cantos do Universo, cobrindo os artigos de exportação e transportando as mercadorias indispensáveis ao consumo e ao desenvolvimento das nossas incipientes indústrias?

Dói-me a alma e fere-me o sentimento patriótico sempre que me encontro obrigado a fazer uma comparação dos tempos idos com a crapulosa administração dos últimos anos. Ao lado das páginas de ouro que os nossos antepassados nos legaram temos nós de colocar outras que amanhã os nossos filhos hão-de ler com amargura, criminando-nos por não havermos sabido continuar tum maravilhosa história pátria.

Mas ao menos que eles saibam também termos nós, republicanos, ousado protestar nesta Câmara contra os latrocínios cometidos e pugnado sempre para que a administração do Estado fosse isenta de crimes o dos erros dos homens chamados a gerir os destinos da República.

Que não ignorem os vindouros as reclamações que fazemos para quê punidos sejam todos quantos hajam desbaratado os dinheiros do erário público e as riquezas económicas da- nação. Que possam avaliar de toda a nossa coragem, da íôr-ça e da energia despendida para levarmos o Poder Executivo e quem de direito ao estrito cumprimento do dever, castigando--se os funcionários civis e militares que não souberam ou não quiseram manter na posse do Estado os navios que hoje vamos ser obrigados a vender.

Para mini e para todos quantos não se deixam cegar pela amizade ou pelo parti-darismo os verdadeiros culpados são conhecidos.

Pelo que sei, pelo que li nos jornais durante os anos de 1921, a 1923, o oficial da armada, Sr. Nunes Ribeiro, como director dos Transportes Marítimos do Estado, não pode deixar de ser levado à barra dos tribunais para responder por todos os actos da sua gerência, que classifico de criminosa, tais foram os erros, tam monstruosa foi a sua administração, e para a qual jamais se aplicou o travão fiscalizador do Poder Executivo. ,; Poderá provar o oficial Sr. Nunes Ribeiro que sempre se houve com a cautela, inteligência, zelo e honestidade que se reque-jem em serviços de tanta responsabilidade? Pois que o prove e demonstre, para honra sua e felicidade do país republicano.

Verificamos que, devido à sua incapacidade e incúria administrativa, mercê da influência política e brandura dos nossos costumes, recebeu do Governo nova ou antiga comissão de serviço como recompensa, certamente, da bela obra deixada nos Transportes Marítimos do Estado.

Sr. Presidente: até hoje o Governo Português não teve maneira de chamar à responsabilidade aqueles que, por incapacidade ou probidade pessoal, mal cumpriram os deveres do cargo, como afinal sucedeu para com o Sr. Nunes Ribeiro, que em vez de providenciar, como lhe competia, pondo cobro a desperdícios, erros de ofício, ladroeiras de várias agências, e por parte do seu pessoal subordinado, preferia disfrutar, sem incómodos è perturbações de cabeça, os largos proventos e gorgetas de qme tanto se fala, crente na impunidade da sua criminosa direcção.