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Sessão de 12 de Março de 1924

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nem desejo ser injusto para com pessoas que nem sequer conheço.

Para minha satisfação quanto menos pessoas sejam as responsáveis pelo descalabro dos Transportes Marítimos do Estado melhor para a República e mais feliz serei eu neste ardente amor pátrio.

Há dois anos, Sr. Presidente, 45 contos era já qualquer consa. Único comentário que, por agora, faço a tudo quanto li. Eu também ainda hei-de ser um dia sócio duma empresa industrial, gerente comercial de uma importante sociedade anónima e também ainda hei-de ter bolota como grande lavrador alentejano para dar a toda esta gente esfomeada; ainda hei-de ser uma das pessoas mais graduadas da «Nacional» e da «Aliança», enriquecido pela Moagem, pelos carvões, pelo açúcar e tabacos e quando for Ministro por um acto revolucionário já que pela indicação dos partidos a minha rebeldia o não permitirá, hei-de punir, só eu, aqueles que tiveram a ousadia de" salpicar a beleza e a pureza moral da República de todas as vis e criminosas negociatas de alçapão que depõem contra a honestidade dos governos e dos homens que tanto se esforçam para tornar esta Pátria feliz e amada de todos os portugueses.

Nestas afirmações que eu faço com toda a minha energia e coragem não vá o Senado pensar que elas se dirigem acrimo-niosamente a todos aqueles que se têm sentado nas cadeiras do Poder.

Não! felizmente; pessoas há que têm desempenhado essa função de Ministro com tam acrisolado amor republicano e pátrio, que seria uma vilania sem nome se eles se pudessem julgar sequer envolvidos nas apreciações que faço aqui de outros que não têm sabido defender com aprumo moral os dinheiros e interesses do Estado.

Estes a quem eu me dirijo estão felizmente em pouco ou menor número, são a ínfima minoria daqueles que têm sido Ministros da República Portuguesa.

Devia esta explicação à Câmara e à minha consciência.

O orador leu vários documentos.

Não faltou quem por escrito desse conhecimento disto ao País apesar da apregoada falta de coragem.

Igual documentação, igual denúncia foi enviada ao Si. comandante Nunes Ri-

beiro e ao Conselho de Administração" da Marinha Mercante Nacional; igual denúncia, perfeita e igualmente documentada, foi mandada aos Srs. Ministros do Comércio.

,jO que fizeram esses Srs. Ministros do Comércio?

Nada 6 nada.

O Sr. .Nunes Ribeiro e o Conselho de Administração continuaram a receber a remuneração dos seus serviços e esses Srs. Ministros do Comércio adormeceram com a consciência perfeitamente tranquila de verdadeiros patrioteiros.

t Reconhecer competência administrativa ao Sr. Nunes Ribeiro?

Não ó possível.

Há Senadores nesta casa do Parlamento que sabem da importância comercial da colónia portuguesa em algumas cidades 'do Brasil; Rio de Janeiro, por exemplo.

Quis o Sr. Nunes Ribeiro estabelecer nessa cidade uma agência e dirigiu-se justamente a uma firma que possuia a representação dos navios duma companhia espanhola de navegação que faz concorrência aos nossos produtos. Esse português distinto e consciencioso respondeu ao Sr. Nunes Ribeiro ou a segunda pessoa, dizendo que não a podia aceitar por patriotismo, porque ele era agente de companhias de navegação espanhola, habilitadas a fazerem concorrência, e certamente, aos navios da frota marítima do Estado, mas que, se S. Ex.a quisesse lhe aconselhava outra firma, cujo zelo e competência eram excelentes.

Pois o Sr. Nunes Ribeiro ou alguém por ele queria à viva força que fosse o agente da frota mercante do Estado, o mesmo agente das companhias de navegação espanholas, e só depois de ter entrado na questão o nosso embaixador Sr. Dr. Duarte Leite é que se reconheceu o erro de uma tal insistência.

Mas o primeiro navio que chegou a Santos não foi consignado a nenhum agente, a firma alguma, nem sequer ao consulado (que é o que se costuma fazer quando o armador do navio não tem agência nesse porto) e foi por um pedido telegráfico dos agentes do Rio de Janeiro,