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Sessão de 24 e 25 de Março de 1924

nado sobre se permite que entrem em discussão >na primeira, parte da ordem do dia,as emendas vindas da secção, relativas à proposta de lei dos Transportes Marítimos do Estado.

O Senado aprovou este requerimento.

O Sr. Júlio Ribeiro:—Sr. Presidente: depois de esperar, ^algumas sessões para usar da palavra posso, finalmente, tratar de um assunto que, embora não tenha perdido a oportunidade, seria no emtanto mais oportuno tratá-lo na quarta-feira passada.

Segundo li num jornal, o Sr. Ministro da Agricultura afirmou duma maneira ter-' minante e categórica o seguinte:

«Que um dia, quando se fizer a história da moagem, • há-do saber-sc que eln tem sido a ruína do País».

Sr. Presidente: a ruína do país, quere dizer, a desgraça, a Ibme, a miséria,.até a desonra, porventura a perda da nacionalidade. É o Sr. Ministro da Agricultura que o diz.

S. Ex,a, que tem a seu cargo um ramo de serviço que é fundamental para a economia do país, que pode e -deve intervir junto da moagem no sentido de a me-' ter na ordem, faz tais declarações! E fantástico!

j Pois há uin'Ministro que s-abe existir uma instituição, isto é, uma entidade que quere arruinar o país, e fica de braços cruzados! Se eu fosse Ministro da Agricultura, o que bem pode ser porque na frase espirituosa do Sr. Brito Camacho ninguém está livro dum acidente de trabalho, o que fazia, se' constatasse o que disse o Sr. Ministro, era esmagar a moagem como se esmaga uma víbora venenosa.

É absolutamente indispensável que o Governo diga qual é a sua atitude ante a declaração do Sr. Ministro da Agricultura. S. Ex.a afirmou que a moagem arruinou o país. £ Em face dessa'afirmação o que é que faz o Governo? É esta a pre-gunta concreta que eu faço:

Tenho dito.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Nuno Simões) : — Não tive o pra-

zer de ouvir todas as considerações do Sr. Júlio Ribeiro.

Creio que S. Ex.a estranhou que o Governo não tenha tomado providências relativas a actos menos regulares praticados pela moagem. s

O Sr. Júlio Ribeiro:—Eeferi-me á declarações do Sr. Ministro da Agricultura e queria saber o que é que o Governo faz em relação -a essas declarações.

O Orador: — Compreendo a veemência com que V. Ex.a tratou do assunto; mns V. Ex.a sabe que a razão única de se atribuírem" todos os malefícios a este ramo de indústria resulta do facto de durante muitos anos se terem, gasto com o pão político centenas de milhares de contos, em pura perda para a economia nacional e sem vantagem para o consumidor, mas com lucros para os industriais de moagem. V. Ex.a sabe isso.

O Sr. Ministro da Agricultura é uma pessoa absolutamente insuspeita de quaisquer transigências com quaisquer irregu-laridades por parte da moagem ou de quem qnor que seja. Pode V. Ex.a estar descansado 4e que o Governo há-de corrigir inteiramente as irregularidades a que V. Ex.a aludiu.

V. Ex.a faz apenas justiça supondo que1 este Governo não tem outra preocupação senão meter na ordem todas as entidades que pratiquem quaisquer actos irregula* rés, e ò que recentemente se. praticou com a Companhia dos Tabacos é disso prova.

Transmitirei ao Sr, Ministro da Agri^ cultura as considerações de V. Ex.a. e faço-o com prazer, não só por serem justificadas, mas por terem sido foitas por um ilustre colega no jornalismo como é S. Ex.a Estou certo do que o Sr. Ministro da Agricultura não produziu uma acusação infundada o que há-de justificar integralmente, se acaso for preciso, as pala» vras proferidas na outra Câmara.