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Diário das Sessões do Senado

ou 4:000 homens da província para guarnecer a capital!

Todavia, não se voem em Lisboa, apo-sar da .falta de pão, sinais de iutranquLÍ-dade ou de agitação.

Fazemos parte de um povo modelar em resistência; sobriedade e resignação, EQÍÍS ó necessário não levar a provocação até o ponto dôle perturbar a liberdade c a tranquilidade de todos nós.

A paciência humana tem Imites.

Algum receio deve ter o Governo, vislo ter mandado vir corpos de tropas para a capital!

Que receia o Governo ?

E não são só corpos de polícia, são batarias de artilharia a pretexte de exercícios ou qualquer outra cousa!

O Governo continua ausen:e daquelas cadeiras; nós sem sabermos, sem termos íi quem preguntar a explicação de tudo isso I

Ontem ouvi aqui ao Sr. Ministro da Agricultura palavras optimistas ao último ponto, rã as não me deixei embalar por 6sse canto de sereia.

A Manutenção Militar, entidade oficial .à disposição do Governo, com qu8 este deve contar, se, como ó de crer, estiver disciplinada, não cumpre as promessas do Comissariado dos Abastecimentos, delegado de confiança do Governo!

O caso é de extrema gravidade; o me;i protesto nLo terá eco; mas quero ficar bem com a mimha consciência, chamando a atenção para estes factos.

Entendo termos a obrigação de trazer a esta tribuna todas as informc-çõos, mos-ino as mínimas, sobre factos, podendo interessar a ordem, e de chamar a atenção do Governo para poder tomar as cautelas precisas.

j Se o não quizer fazer, tanto pior para ele e para todos!

Tenho dho.

O Sr. Procópio de Freitas: — Sr. Presidente: muitas vezes se têm acusado os republicanos de serem intolerantes em matéria religiosa.

Vcu dar conhecimento de um caso que mostra a intolerância, mas é da parte dos católicos.

Uni suplemento do. j ornai A Plebe, publicado por ocasião do falecimento do Sr. Manuel Godinho da Cruz? nosso cônsul

em Tuy, insere unia declaração desse republicano, feita poucos dias antes de falecer, que mostra bem como ele interpretava as ideas religiosas.

Chamo a atenção do Senado para este documento:

Conisulado de Portugal em Tuy.—Declaração.— Declaro eu, abaixo assinado, Manuel Godinho da Cruz, de cinquenta e um anos de idade, natural de Olalhas, (Toma:;), viúvo, cônsul de Portugal nesta cidado de Tuy, e seu distrito, que, estando no pleno gozo das faculdades mentais, quero e desejo que o meu enterro seja feito civilmente, segundo as leis vigentes em Espanha e Portugal, que todos os bons cidadãos são obrigados a cumprir, o sem o que não pode haver ordem nem disciplina nas várias classes sociais. Creio em Deus o respeito e acato todas as crenças e opiniões, mas entendo que essas cousas, sublimes e sagradas, não devem sair da intimidade do lar e do âmbito da consciência de cada um; e por isso dispenso a comparência oficial dos representantes de Cristo nos meus pobres funerais, sem que com esta resolução, afirmo-o e garanto-o sulemnemente, pretenda ofender ou magoar nenhum alto representante da igreja e seus dignos vigários, que acato e respeito intimamente,,

Peço e suplico às cavalheirosas autoridades espanholas e portuguesas que promovam e concedam todas as facilidades, a fim de que meu martirizado corpo possa ir repousar na torra sagrada de Valença, ao lado da santinha que ali descansa e iluminou suavo minha pobre vida; e que o passo seja permitido livremente, nesse acto, a todos os irmãos na dor e no infortúnio que pretendam acompanhar-me.'.,

Tuy, 20 de Março de 1924. — Manuel Godinho da Crilz, cônsul.

Este documento honra quem o escreveu.

Quem assim pensa é um verdadeiro democrata.