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Diário das Sessões do Senado

Para o dia 12 está marcado outro Conselho de Ministros. <_ p='p' assunto='assunto' então='então' resolve-se='resolve-se' lá='lá' o='o'>

Há uma afirmação que eu não tenho feito por falta de informação segura, mas que hoje vou fazer: «E que o Governo Francês declarou peremptoriamente que antes das eleições gerais, que em breve vão realizar-se, não pensássemos em lazer qualquer acordo comercial, porque as concessões que se poderiam dar aos nossos vinhos iriam contender coin os produtores do sul da França»...

O Sr. Joaquim Crisóstomo (interrompendo):— Mas disse-se e eu possuo nm jornal onde ae refere o caso, que o Sr. l)r. Augusto de Vasconcelos tinha em tempos ido a França e que, tendo tn-tado do assunto, tinha trazido uma solução, mas qtie o assunto se, tem protelado. ..

O Orador: — Se assim fosse, eu não estaria mais um momento aqui. O que c Sr. Dr. Augusto de Vasconcelos fez só pode merecer o nosso elogio. Mas não é o que S. Ex.a diz.

O Sr. Joaquim Crisóstomo: — E uma informação apenas. Maa diz-se que S. Ex.a trouxe uma solução concreta... E demais S. Ex.íl.está aí que o diga.

O Sr. Augusto de Vasconcelos:—Dando a minha intervenção oficiosa, eu não podia fazer senão uma sugestão que pudesse servir de base às negociações.

Foi isso que eu transmiti ao Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, porque não tinha qualidade para trazer uma negociação feita.

O Orador: — O Sr. Joaquim Crisóstomo procurou ainda justificar, um pouco desagradàvelmente para mim, o facto de eu ter mudado as negociações de Lisboa para Paris.

Todos sabem os incidentes que se deram a respeito do modus vivendi com a França.

Sabe-se que S. Ex.a o Sr. Ministro da França em Portugal fez um discurso no Píilácio de Cristal no Porto em que atri-

buía a Portugal o não se ter chegado ainda a um acordo.

Efectivamente, S. Ex.a tinha razão, quando disse que por culpa de Portugal é que ainda se não tinha chegado a um acordo.

Não se chegou a um acordo porque o Governo Português não transigiu em que os nossos artigos pagassem em França taxas onerosas, ao passo que os artigos franceses pagariam taxas de favor.

Portanto, com esse -discurso feito em público, eu entendo que ele não podia passar em julgado. E como verifiquei que, continuando as negociações em Lisboa, não podíamos chegar a uma conclusão, entendi que elas deviam passar para Paris, porque o Sr. Dr. António da Fonseca decerto as conduziria bem.

Foi para as tornar mais rápidas e decisivas que eu mudei as negociações para Paris.

O Sr. José Pontes : — Eu posso dizer que, pelas relações que tenho lá fora, lido com criaturas que se têm ocupado do assunto.

Quando o Sr. Ministro da França em Portugal fez as declarações que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros reputou de um pouco descabidas, não quere dizer que elas tivessem repercussão em toda a França, visto como o ponto de vista português tem sido considerado por muitos franceses como perfeitamente razoável.

Ontem mesmo recebi uma carta, vinda do Ministério do Comércio em França, em que se diz que tudo corria no melhor caminho.

Isto é uma explicação para mostrar que os intsrêsses do país têm sido bem defendidos, e para fazer ver ao Sr. Joaquim Crisóstomo que nós estamos absolutamente de acordo com o ponto de vista do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Pode S. Ex.a ter sido de uma grande intransigência, mas está dentro do seu papel de Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Estou convencido de que S. Ex.a o Sr. António da Fonseca levará a bom termo as negociações.