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Diário das Sessões do Senado

putacios e ouvi com agrado a afirmação do Sr. Ministro das Colónias de que mandaria sustar a execução da portaria referente ao liceu.

Para que V. Ex.a possa bem avaliar os prejaízos que a passagem do liceu 0: nacional causa à população escolar de Macau, vou fazer a história sucinta e breve do liceu de Macau.

Não havia liceu em Macau. Só em 1893 depois de reiterados pedidos da população o Governo Central houve por bem estabelecer um liceu nacional em jlacau. Ao tempo em que se estabeleceu lá o liceu, havia nos liceus nacionais o curso complementar de sciências e letras. E assim esse liceu habilitava os alunos &, terminado o curso, ingressarem imediatamente nas escolas superiores.

Quando isso aconteceu havia alunos filhos de Macau frequentando os cursos superiores da metrópole.

Em virtude das sucessivas reformas que sofreu o regime liceal no nosso País, fo: suprimido dos liceus nacionais o curso de letras e sciências.

Passou o liceu nacional de Macau a funcionar sem o curso complementar. Imediatamente desapareceram das nossas escolas superiores alunos filhos de Macau.

E sabe V. Ex.a porquê?

Macau fica na outra banda do mundo. A metrópole portuguesa está no extremo ocidente e Macau no extremo oposto do oriente. E os pais não mandam facilmente os seus filhos ainda crianças para tam longe fazer a vida das pensões em Lisboa frequentando o Eceu.

Foi isto que levou o Leal Senado a representar ao Governo da metrópole pedindo a elevação do liceu a central e fui eu que. como presidente da câmara municipal, fiz a respectivaTepreseritação, lo-•grando vê-la deferida, tendo o respectivo decreto sido referendado pelo então Ministro das Colónias, Sr. António José de Almeida.

Eestabelecido o curso complementar, tornaram a aparecer nas nossas Universidades filhos de Macau, havendo presentemente uns cursando a Faculdade de Direito, outros a engenharia e não sei se a medicina.

Sendo assim, não se compreende que se pense mais uma vez em vibrar esse golpe à instrução daquele liceu.

Já se fez em Janeiro de 1923 uma tentativa para esse tiin.

Aqui deste lugar, protestei perante o ilustre antecessor de V. Ex.% o Sr. Eo-drigues Gaspar, contra o facto.

A tentativa foi gorada.

Hoje repete-se, com um aspecto mais grave, porque a portaria já vigora.

Então e agora os argumentos foram e são os mesmos: a pequena frequência do curso complementar do liceu e a questão económica.

Com relação ao primeiro ponto, direi que numa terra onde a população escolar é pequena não é de esperar grande frequência nos liceus, mormente nos cursos com plemeníares.

Mas ainda quando o liceu desse anualmente quatro, três, dois que sejam, alunos para os cursos superiores, Macau deverá dar-se por bem paga do sacrifício que faz para ter a glória de ver os seus filhos diplomados pelas Universidades do país.

Muitos apoiados.

Com relação à economia que a redução do .liceu representa, direi que se o Orçamento da Província fechasse com déficit o cue se fosse apresentado um conjunto de medidas económicas em que a redução do liceu fosse uma delas, eu lamentaria o facto, mas aceitá-lo-ia.

Porém o que vemos?

Só se mexe no liceu, e, ao mesmo^tem-po que isto se faz, propõe-se a criação de novos e desnecessários serviços.

Vemos que o lugar de chefe do gabinete do governador, lugar que nas anteriores situações administrativas era desempenhado por funcionários da colónia sem encargo ou com pequeno encargo para os cofres públicos, é ocupado por um oficial de marinha, que ganha como se pertencesse à marinha colonial e como se estivesse embarcado na situação, não sei se de imediato, se de comandante!

V. Ex.a há-de concordar em que, nestas condições, eu tenho toda a razão para protestar contra esse golpe vibrado na instrução da minha terra.

Apoiados. :