O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Cessão de*3 de Junho de WÈ4

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — É profundamente injusto V. Ex.a para com o Sr. António da Fonseca, que fez numa dessas conferências um relatório dos mais notáveis.

Muitos apoiados.

O Orador: ^-Bem sei, foi em Lyon.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — Não

senhor, foi em Bordéus.

O Orador:—Tem razão, foi em Bordéus.

Mas não há mais nada, não vai V.*Ex.a mais longe, porque não pode ir, e com isso não me convence, porque eu sou muito difícil de convencer, principalmente quando se trate de defender os interesses da Nação e o Tesouro Público, haja ou não verbas orçamentadas.

Vamos gastar dinheiro numa conferência onde não se realiza nada de positivo, onde não se leva uma palavra de tranquilidade em defesa das próprias instituições republicanas, onde não há uma palavra escrita que nos sirva de ensinamento, que nos traga uma novidade.

O Sr. Augusto de Vasconcelos:—V. Ex.a não leu as teses com toda a certeza.

O Orador: — V. Ex.:i fala muito bem, como Presidente do Ministério e Ministro dos Negócios Estrangeiros, e .Ministro Plenipotenciário, que foi, mas eu apenas encontrei um escrito do Sr. Rafael'Levy, que era ao tempo Senador, e que diz que as exportações em 1919 deram um saldo positivo, mas 'que as importações em 1922 e 1923 subiram de tal maneira, que cobriram fartamente o saldo havido.

É um balanço comercial e nada mais.

V-. Ex.a, Sr. Augusto de Vasconcelos, apesar da sua autoridade, ainda não demonstrou que a Nação está na possibilidade de poder despender, com os membro • da comissão, essa grande soma de libras, que representam escudos, e muito escudos, para uma obra que é absolutamente inútil.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Procópio de Freitas:—Como as minhas considerações demandam a pre-

sença dos Srs. Ministros'da Guerra, Finanças e do Comércio, peço a V. Ex.a que mande saber se alguns desses senhores estão presentes.

O Sr. Presidente: — Conforme a lista, há outros Srs. Senadores antes de V. Ex.a inscritos para interrogarem esses Srs. Ministros.

O Sr. Ministro do Interior disse-me pelo telefone que estava tratando de assuntos de ordem pública.

O Orador:— Apesar de não estar presente nenhum desses Srs. Ministros, entendo que me devo referir a um assunto.

Diz-se por aí que o caso dos Olivais não se passou exactamente como o Sr. Ministro do Interior expôs a esta Câmara.

Afirma-se que dois desses homens foram fusilados pela polícia.

Diz-se que, tendo chegado a polícia ao ponto onde eles estavam, dois deles fugiram e dois não. Para perseguirem um desses grupos foi o cabo Neves acompanhado de outro agente, e que um desses fugitivos em certa ocasião, cansado, parou, e, voltando-se, deu um tiro no cabo.

O outro agente matou um deles.

Diz-se que os outros dois fugitivos tinham conseguido refugiar-se numa fábrica de cortiça, e que, depois alguém, cujo nome se cita, foi denunciá-los.

Esses indivíduos foram trazidos para fora e sofreram pancadas, citando-se até o testemunho de um sargento da administração militar que no momento passava numa carroça..

Indo para a esquadra, mais tarde foram levados para um sítio chamado «Olival», e, tendo-se colocado agentes a uma certa distância para impedir a circulação do público, foram esses homens fuzilados.

Isto têm-se dito e escrito nos jornais.

O que eu desejo é que se proceda a um rigoroso inquérito, porque um procedimento destes da parte da polícia não pode merecer a aprovação de ninguém.

Eu oriento os meus actos dentro da justiça e tenho sempre a ceragem de expor as minhas opiniões. • Peço a V. Ex.a o favor de comunicar as minhas considerações ao Sr. Ministro do Interior.