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Diário doa Sesêões do Senado

i meado para comandar a aviação tem escrito vários artigos contra ela.

Se assim é, de antemão .se devia saber que esse oficial não podia ser bem recebido pelos aviadores.

Portanto, Sr. Presidente, se é -certo que esse Sr. coronel não era um oficial que tivesse a simpatia desses oficiais aviadores, e se de facto ele tinha escrito contra a aviação, não tendo por conseguinte probabilidades de ser bem recebido, esse oficial não foi bem nomeado.

E assim, se o acto desses oficiais aviadores é punível dentro da disciplina militar, o que é facto .também é que tal nomeação não se devia ter feito. Tenho dito. O orador não reviu.

O Sr. Joaquim Crisóstomo: — Sr. Presidente: eu não encaro o acontecimento relatado à Câmara pelo Sr. Presidente do Ministério com o mesmo optimismo com que S. Ex.a o fez.

O acto de indisciplina da aviação militar tem origem remota, não é um facto isolado, é o reflexo dum estado geral.

Eu desejaria, como desejo, que o Sr. Presidente do .Ministério pudesse resolver esse caso com a simplicidade com que o apresentou.

No emtanto, num país pequeno tudo se sabe, e, assim, consta que o exército,português está descontente com a marcha dos negócios políticos.

Eu sei que o exército não tem nada que ver com isso. Mas as cousas são o que são.

Em todos os cafés, ruas, jornais, etc., se diz a una você que o exército está disposto a intervir nos negócios públicos.

Convém, pois, que o Sr. Presidente do Ministério diga o que há, para tranquilidade do país.

Um tal estado de perturbação nos espíritos constitui um mal geral, de onde Tesultará nm mal maior para a nação.

^O exército está descontente, porquê?

£ Porque quere intervir na marcha dos negócios públicos?

" ,; Porque quere interpretar as justas aspirações do povo que pede melhoria de condições de vida?

E muito difícil de determinar.

Mas sejam quais forem as causas, o ;que o Governo deve fazer, é ir de encon-

tro a elas, porque compreende-se que .um Governo forte, como são os ingleses e americanos, se mantenha firme e inabalável no seu posto, mas um Governo que não tenha- um apoio decidido na opinião pública e que mais tarde tenha de vir a sucumbir, como já tem sucedido, como sucedeu por exemplo, com o Governo António Granjo, vale mais ir ao encontro das justas aspirações da opinião pública.

É necessário que o Governo não enclausure na sua força aparente, que veja com olhos de ver e que não suponha que todos os que hoje lhe dirigem sorrisos e cumprimentos, serão amanhã os seus defensores, porque esses amanhã-seguirão um caminho, que é fugir, como já tantas vezes tem sucedido.

Para evitar tudo isso, e que no estrangeiro se façam juízos como muitas vezes já se têm íeito, juízos pouco favoráveis, eu entendo qua o Sr. Presidente do Ministério — é um conselho que me permito dar-lhe— deve procirar, quanto possível, ir ao encontro das aspirações do povo, que parece que não tem força, mas que a tein.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ribeiro de Melo:—Sr. Presidente: ouvi.na outra casa do Parlamento as declarações feitas pelo Sr. Presidente do Ministério, acerca do conflito, ou actos de indisciplina da aviação militar.

Ouvi também um Deputado e antigo oficial do exército dos mais valentes, dos que mais serviços têm prestado à República e à Pátria e que é republicano desde os bancos da Escola Politécnica, o Sr. António Maia.

O Sr. António Maia deixou de ser oficial do exército, em virtude de um conflito com o Ministro da Guerra de então, quando ele devia ser respeitado em Portugal.

O Sr. .Ministro da Guerra, do tempo, em vez de deferir o requerimento em que o Sr. António Maia pedia a demissão de oficial do exército, devia indeferi-lo, porque sabia que esse oficial fazia falta à defesa da República e da Pátria.