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essão de 3 de Junho de 1924

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regaço republicano e no do operariado, aquele cíilor que tinha antes e depois de proclamada em 1910.

O Governo da presidência do Sr. Álvaro de Castro, cujo chefe republicano, sabe enfrentar de face as grandes e momentosas questões da sociedade portuguesa, tem adormecido, devido naturalmente à resistência passiva dos funcionários do seu Ministério, da côterie que o rodeia, tem obliterado o sentimento de patriotismo; S. Ex.a esqueceu-se de cumprir e fazer cumprir as declarações de alta nobreza republicana que S. Ex.a levou à Câmara dos Deputados, anunciando, que todos • os erros e crimes, cometidos pela alta finança e pelo funcionalismo, seriam castigados.

E, Sr. Presidente, daí resultou a indisciplina -e a falta de apoio ao Governo, não ao Governo do Sr. Álvaro de Castro, mas a todos os Governos, porque estão absolutamente desprestigiados todos aqueles Governos que não comecem por cumprir aquilo que dizem.

O Sr. Álvaro de Castro, que trouxe ao Parlamento da República os latrocínios cometidos pelas grandes indústrias, pelos grandes monopólios de Portugal, como o é, por exemplo o da Companhia dos Tabacos, ainda não declarou ao país os motivos que o levaram a não coibir esses abusos.

Disse o Governo que encontrou uma situação bem triste para as Instituições Republicanas, proveniente de vários fac-.tos, como seja o das 4:000 libras, entregues a Bancos e casas bancárias.

Pois bem, Sr. Presidente, até hoje o Governo do Sr. Álvaro de Castro ainda não conseguiu que esse dinheiro entrasse nos cofres do Estado.

O Sr. 'Alberto Xavier, corno director geral da Fazenda Pública, numa informação que deu ao Sr. Ministro das Finanças, de então, declarou-se conforme com a petição feita por uma casa bancária.

A cópia desse despacho, tenho-a eu na,s minhas mãos; e- qualquer dia, quando se realizar a minha interpelação ao Sr. Ministro das Finanças, terei o prazer de lê-lo à Câmara.

Em face dessa informação, o Ministro deferiu uma petição da casa Espírito Santo.

Sr. Presidente: andamos há meses a

apoiar o Governo presidido pelo Sr. Álvaro de Castro, com a convição de que S. Ex.a saberia trazer ao espírito da nação aquela confiança pela qual há muito anseamos, metendo nos eixos a desregrada administração do Estado, e sobretudo a alta finança.

E, Sr. Presidente, não se fez nada, absolutamente nada disso.

Os esbanjamentos continuam.

O Sr. Ministro das Finanças m,andou o Sr. Alberto Xavier a Londres e não veio dizer ao País em que condições se realizou essa viagem e quais foram os proventos dela.

O Sr. Ramos de Miranda: — Parece que tem procuração do Sr. António Maia.

O Orador: — Não tenho procuração do Sr. António Maia.

A única procuração que tenho é a de republicano, e essa impõe-me o dever de neste momento falar bem alto.

E creia V. Ex.a, Sr. Presidente do Ministério, que o meu voto de Senador não vai mais para o Governo de V. Ex.a, porque não o merece, visto não ter ido ao encontro das justas aspirações do povo português.

E cá estamos com o Governo do Sr. Álvaro de Castro há meses no Poder anunciando que vai castigar tudo aquilo que tem prevaricado, e não castigando ninguém.

Os Transportes Marítimos do Estado, que levaram a frota marítima à ruína, continuam impunes.

Todos aqueles que são responsáveis pelo desastre e desaire da Exposição de Portugal no Rio de Janeiro, sobretudo na parte, que diz respeito aos pavilhões, continuam impunes.

Todas as casas, como o Banco Português e Brasileiro e a Casa Torlades, que levantaram dinheiro dos cofres do Estado e ainda não entraram com esse dinheiro,, e o Sr. R^geroni, continuam no seu palácio a arvorar a bandeira da nação aliada e amiga, continuam impunes.