O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Diário das Sessões do Senado

O Sr. Presidente: — Farei chegar ao conhecimento do Sr. Ministro do Interior essas considerações.

O Sr. Oriol Pena: — Sr. Presidente: não me pôde chegar a palavra ontem, mas têm ainda actualidade as considerações que quero fazer.

A actualidade foi agora refrescada pelas breves palavras pronunciadas pelo Sr. Procópio de Freitas.

Tenho a declarar que tendo estado ausente dê Lisboa no sábado e no domingo, aproveitaria a primeira sessão, em que estivesse presente e podesse falar para manifestar em público o meu sentimento pelo falecimento do cabo de polícia Noves, vítima dó seu dever no caso chamado dos Olivais.

Aproveitaria o ensejo para dizer a minha impressão sobre o modo correcto, firme, vigoroso e decidido com que a policia precedeu.

Entendo que todos nós, os que nos dizemos conservadores, deveríamos ter--nos encorporado no préstito fúnebre desse desgraçado cabo de polícia. Tê-lo--ia feito com muito sentimento, se não tivesse estado ausente de Lisbea.

No meu entender e no entender de várias pessoas com quem tenho falado e discutido sobre o caso, e em presença dos incompletos e reduzidos extractos dos jornais, íieou-me a impressão de que a polícia cumprio rigorosamente o seu dever.

Ficou-me a impressão de que a policia fez polícia, como ela deve ser feita, quando ficou sem a vida o comandante desse troço de guardas, no cumprimento estrito do seu dever.

Se ele, o falecido cabo "Neves, o os seus guardas tivessem tido o impulso e a precipitação apontados pelo Sr= Procópio de Freitas . . .

O Sr." Procópio de Freitas (interrompendo}:— Tenho aqui a local que é do próprio Correio da Noite.%

O Orador: — Não sei.dessas informações e são-me indiferentes.

Estou a expor o que a inteligência me diz e julgo ser a verdade.

• Oiça S. Ex.e o resto das minhas considerações.

Nada mais fácil aos agentes de polícia

se eles quisessem praticar a brutalidade violenta de destruir esses homens — no dizei1 de S. Ex.a— e talvez as mãos não lhes devesse doer, porque pelos cadastros aqui lidos e pelo relato dos Sr. Ministro do Interior, nenhum deles era digno de comiseração., nem de dó, o cabo Neves estaria talvez vivo ainda hoje.

Não se íez assim.

Segundo relatam os jornais o grupo dos agentes, em missão de defesa da or dem, procurou dominar os díscolos, orde nando-lhes que levantassem as mãos ao ar e foi nesse momento que se deu a colisão.

Não posso compreender por quo razão o Sr. Procópio de Freitas queira atribuir à polícia a responsabilidade no fuzilamento desses homens.

Compreendo que S. Ex.a neste assunto, procure defender a sua posição de extremista, mas nós temos a obrigação de lhe contraditar e contrabater afirmações desta natureza e dizer, alto e bom som, a verdade.

Disse aqui o Sr. Ministro do Interior— e creio ser essa a verdade— que estavam quatro criaturas de cadastros apostadas em chacinar um homem e que a polícia, em obediência às ordens e instruções do seu brioso comandante, não fez mais do que cumprir essas ordens cm cnjo cumprimento perdeu u vida um dos seus chefes.

Para esse que morreu no seu posto, em defesa da ordem, em perseguição do crime, vai todo o nosso respeito e a nossa saiidade.

Lamento, Sr. Presidente, ter estado ausente de forma a não poder vir prestar-lhe homenagem, em nome dos consejr-vadores deste lado da Câmara, pela dedicação, coragem e altruísmo - com que esse homem arriscou a vida deixando crianças na orfandade.

Tenho dito.

O Sr. Procópio de Freitas: — Sr. Presidente : não haja confusões com as minhas palavras. A única afirmação que eu fiz foi que houve jornais e mesmo várias pessoas o dizom também, não sei se com fim reservado ou não, que o caso dos Olivais não se passou exactamente como o Sr. Kinistro do Interior expôs ao Senado.