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Diário das Sessões do Senado

Sr. Presidente: porque é que o Sr. Ministro do Interior, republicano de sempre, que tem obrigação de executar e fazer cumprir as leis rigorosamente, as leis da República, consente que se faça a apreensão do órgão do povo A Batalha.

Foi depois de a Câmara rejeitar que ea tratasse deste caso, eu referindo-me à política em geral do nosso país. eu disse que ainda havia de falar alto nesta casa do Parlamento, mas depois de serem expulsos os vendilhões do templo, templo como eu disse há pouco, mais augusto, mais soberano ainda do que esta casa do Parlamento ou do Congresso da República, é o templo augusto da República, que está acima de todos.

Mas, Sr. Presidente, se porventura há algum vendilhão aqui dentro, ele que se acuse a si próprio, porque dentro desta casa não serei eu o Judas.

Se, porventura, divirjo por vezes do procedimento político dos meus correligionários é porque entendo que é deste lado da Câmara que se ,deve levantar a voz contra autoridades administrativas que apoucam e deminuem o regime republicano.

E do seio do Partido Republicano Português que devem sair todos os protestos contra essa plutocracia que nos esmaga.

jii esta a razão de ser das minhas palavras e a razão porque invoquei a Bíblia num momento em que falava já desesperado de fazer ouvir a minha voz contra esses beleguins da polícia que mandam apreender o órgão do operariado português, quando é ao operariado que a Re-' pública deve a sua própria existência.

Não sendo a República apoiada pela burguesia, comércio e indústria, e não tendo mesmo a mulher portuguesa sentimentos republicanos, só no campo operário é que a República pode encontrar apoio e defesa.

E esta a razão porque, lembrando-me de uma das passagens da Bíblia proferi as palavras a que há pouco o Sr. Júlio Ribeiro se referiu, isto é, quando um dia ã República íôr entregue às mãos dos verdadeiros republicanos, que sempre se têm sacrificado e que têm lutado em vão para que a República seja aquilo que a Nação quere, nessa hora, se preciso for, eii hei-de ser um dos que hão-de expulsar os vendilhões do templo.

Não os aponto, porque eles serão então os primeiros a apresentarem-se'à exa-cração pública.

O orador não reviu.

O Sr. Júlio Ribeiro (para explicações) : — Folgo de ter levantado este incidente, pois apesar das divagações do meu ilustre colega, Sr. Ribeiro de Melo, fica bem constatado nos anais desta Câmara que S. Ex.a não se referia.aos .Senadores quando proferiu aquela frase a que há pouco fiz referência e que foi publicada num jornal.

S. Ex.a referia-se aos «vendilhões» que ele conhece e que sempre existiram e hão-de existir.

O Sr. Ribeiro de Melo (para interrogar a Mesa): — Sr. Presidente:

O Sr. Presidente: —Vou mandar saber. Se pôs à discussão o assunto urgente foi porque julgava que tivesse vindo nalguma entrevista a frase citada.

Não ouvi nenhum Sr. Senador proferir qualquer palavra desprimorosa para com membros desta Câmara.

O Sr. Ribeiro de Melo: — Não valera pena desmentir os jornais. Eles às vezes até são generosos para connosco.

O Sr. Júlio Ribeiro: — Não apoiado!

A Batalha dizia que eu tinha pedido a alguns Srs. Senadores para não votarem o requerimento de S. Ex.a É absolutamente falso.

Apesar de eu ter enviado uma carta desmentindo tal calúnia, esse jornal reincide na mentira. Nenhum dos meus colegas me ouviu fazer semelhante pedido.