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Sessão de 20 de Junho de 1924

houve irregularidades na companhia. Depois disso, desempenhei o meu cargo até o dia em que fui nomeado Ministro. Desde esse dia, nunca mais lá voltei, e só há pouco tempo, em virtude do que se tinha dito num jornal, para estar ao corrente do que se passava e poder assim responder a qualquer observação que me fosse feita, procurei saber o que havia.

Mas, continuando a explicar, direi que entrei para a Companhia de Cal e Cimento e, é claro, vim acompanhando todos os actos da companhia de então para cá, devendo dizer que nunca nas reuniões que houve da direcção se tratou de casos de tal natureza, só tendo eu conhecimento daquele que o Sr. Eibeiro de Melo se ocupou, pelas palavras de S. Ex.a

A Companhia de Cal e Cimento negoceia em cal e cimento. Entendeu essa companhia em 1922 que em virtude de determinados accionistas terem contribuído para a colocação de muita cal e cimento devia dar um bónus, e deu-o como recompensa daquele serviço. E uma orientação que se defende.

Diz o Sr. Ribeiro de Melo que tem documentos.

Eu só sei que documentos foram roubados por um empregado infiel, filho dum homem que foi muito meu amigo.

Este empregado é filho de um ex-ca-marada meu que, por ter entrado na trau-litânia do Porto, teve de sair do exército.

Lutando com dificuldades, pediu ao coronel Sr. Baptista Coelho, meu colega na administração da companhia, que o admitisse como empregado. Foi admitido e lá esteve apesar de os seus serviços não serem muito necessários.

•Metendo-se dentro da companhia e cogitando as coasas que julgou serem boas, roubando documentos para depois cá fora, quando lhe parecesse oportuno, os exibir.

Denunciado o facto aqui, pelo Sr. Ribeiro de Melo, o Sr. Ministro das Finanças mandou, como era natural, fazer uma inspecção à Companhia de Cal e Cimento.

 inspecção de finanças formulou o seu relatório que ainda não está publicado, mas. consta à direcção da companhia que nesse relatório se não dá como boa a apli-

cação de dinheiro que a companhia fez, que entendia que aqueles bónus deviam ser considerados como lucros e como tal pagar o imposto conveniente. A companhia não se mostrando de acordo com este modo de ver entregou o caso ao seu advogado para ele dirimir a questão pelos meios legais.

E aqui tem o Sr. Joaquim Crisóstomo a razão por que eu disse há pouco que não sabia se os factos apontados eram condenáveis.

É um caso ainda a dirimir.

Eu, Sr. Presidente, apresento o facto tal como o conheço e me foi'apresentado.

Quanto à minha administração a dentro da companhia devo dizer o seguinte: na companhia havia três directores delegados que eram eu, o Sr. Baptista Coelho e o Sr. Baltasar Cabral.

Quando se tratou do empréstimo a fazer pela Caixa Geral de Depósitos estive eu em Lisboa, .mas creio que não fui eu quem iniciou as negociações, tratando delas, contudo, até que, antes delas ultimadas, tive de ir para Caldelas abandonando assim as negociações que se estavam fazendo para o empréstimo, as quais foram ultimadas pela direcção com que sou solidário.

A influência do coronel Sá Cardoso não era, contudo, tam grande que levasse a Caixa Greral de Depósitos a fazer o empréstimo de 300 contos tal como tinjia sido pedido, concedendo apenas 200 contos.

De resto, eu não usei da minha influência, se é que a tenho, nem a Caixa Geral de Depósitos a aceitaria. A Caixa Geral de Depósitos é uma instituição modelar que não empresta dinheiro sem se assegurar das condições em que o faz.

Quanto à falsificação de escrituras não sei de que se trata, pois não conheço nenhum caso desta natureza.

Resumem-se nisto as acusações que me são feitas e que julgo ter desfeito.

Não me consta que houvesse greve senão em 1921. Cousa sem importância em que a guarda nacional republicana interveio como é costume em todas as greves.