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Sessão de 20 de Junho de 1924

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não havia nada que pudesse atingir a sua honorabilidade de Ministro do Interior, e muito menos a honra e a dignidade dum republicano como S. Ex.a E daí vem a carta qne eu escrevi ao Sr. Sá Cardoso, devido à comunicação que o Sr. Presidente do Ministério me dirigiu, dizendo que o Sr. Ministro do Interior estava demissionário em virtude dumas insinuações que tinham aparecido num jornal, e que diziam respeito à Companhia de Cal e Cimento.

E como eu desejava fazer justiça ao Sr. Sá- Cardoso, insisti junto do Sr. Presidente do Senado e dos meus colegas desta Câmara para que me fosse concedida a palavra, a fim de dizer ao velho republicano Sr. Sá Cardoso que da minha parte não havia intenção contra S. Ex.a, e que eu não era o autor das notícias ultimamente publicadas nos jornais, ou ainda o portador dessas notícias.

Mas a Cêmara tem de reflectir — e ato o próprio Sr. Sá Cardoso tem de pensar— ó que se aposta em intrometer nos crimes e nos abusos fiscais das grandes empresas comerciais e industriais do país o nome honrado dalguns republicanos.

Apoiados.

S. Ex.a o Sr. Ministro do Interior — que é um Ministro do Interior — aspira pelo inquérito sugerido aqui por um excesso de nervos do nosso colega Sr. Joaquim Crisóstomo, a fim de ficar bein colocado com a sua alta situação de Ministro.

Pode S. Ex.a aceitar esse inquérito, na certeza de que o veredictum de toda a Câmara será o de louvar S. Ex.a, tanto mais que possuo provas de que o Sr. Sá Cardoso é incontestavelmente um homem honrado.

Chego por vezes a preguntar por que razfto as grandes emprêsa'8 comerciais e industriais vão buscar ao grupo dos altos republicanos aqueles que mais orgulho nos dão a nós republicanos. E imediatamente a resposta me aflora aos lábios : é que se porventura o Estado republicano lançasse os seus olhos com dignidade e se passasse, com verdadeiro civismo, a acudir à situação dos seus funcionários e das suas altas figuras representativas, certamente que os políticos do estofo do Sr. Sá Cordoso jamais se podiam afastar da actividade política para irem gastar essa mesma actividade em sociedades anónimas, como a da Companhia de Cal e Cimento.

Mas a verdade é que o nome do Sr. Sá Cardoso, como republicano, não pode de maneira nenhuma figurar entre os de Baptista Coelho, Rui Ulrich e Baltasar Cabral, criaturas que têm levado o Estado republicano à ruína.

Gostaria que o Sr. Sá Cardoso não fizesse parte dessa Companhia.

Encontrando-me num café chegou-me às mãos um maço de papéis, alguns dos quais diziam respeito à Companhia de Cal e Cimentos, que eu não sabia que existia.

Lendo esses documentos encontrei neles nomes da alta finança, e verifiquei que .existia Uma fraude contra o Estado.

Soube também que mais tarde o Sr. Ministro das Finanças tinha ordenado um inquérito fiscal, porquanto denúncia houve que chegou à Repartição das Contribuições directas.

Vê-se, pois, que a Companhia de Cal e Cimentos pretendia defraudar o Estado negando-se ao pagamento daquelas contribuições que devia, por virtude dos grandes lucros que tinha realizado.

Se alguém houve quê tivesse influído em tal situação, de modo algum foi o Sr. Sá Cardoso.

Não deixo de me referir ao Sr. Baptista Coelho. E pessoa que entra em todos os Ministérios, e de tudo dispõe.

E dessa Companhia com o Sr. Baltasar Cabral, pessoa que é de grande influência financeira e que não fazem falta à fiscalização.