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Diário das Sessões do Senado

vai esforçar para aplicar todas as leis existentes, porque não é preciso fazer mais leis, as que existem são suficientes para meter na cadeia todos aqueles que prevaricam, que roubam, e dar-lhes a sanção que merecem todos os crimes que têm cometido, como são por exemplo o da Companhia dos Tabacos e outros.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Procópio de Freitas: — Quando levantei esta questão urgente, torno a repetir, o meu intuito foi única e simplesmente dignificar a República e mais nada.

O Sr. Ministro do Interior deu uma explicação dizendo que a fraude atribuída a essa Companhia foi praticada antes da sua entrada para essa mesma Companhia, e que a questão está entregue ao Tribu-bunal.

Disse S- Ex.a que questões idênticas se dão em outras empresas e companhias.

O que eu digo a V. Ex.a é que naturalmente, no fim de tudo, quem há-de ter razão são essas Companhias, porque o Estado é sempre quem fica roubado.

Eu não tenho a mais pequena dúvida sobre a- honestidade do Sr. Sá Cardoso.

E, Sr. Presidente, também não é desonesto o facto de se pertencer a uma dessas Companhias, desses potentados que há no nosso país.

Não é desonesto, mas a meu ver o que há, é incompatibilidade com a situação de Ministro, porque dá motivo pelo menos a suspeições.

Como já tive ocasião de dizer nesta Câmara, acredito que muitos dos Srs. Ministros não se tenham aproveitado da sua situação para se favorecerem a si ou às companhias a que pertencem, mas também acredito que alguns o tenham feito.

Se os homens públicos estivessem afastados dessas e doutras companhias, já não haveria tantas suspeitas.

Uma grande parte dos homens públicos não se contenta com pouco, e recebe vencimentos de várias empresas. Se fizessem como eu, que vivo com os meus vencimentos de oficial de marinha, já ninguém os acusava de favorecerem as companhias, empresas e bancos a que pertencem.

É bom frisar que as companhias procuram atrair esses homens públicos, não

pelo seu valor pessoal, mas pela influência política que eles têm.

Não compreendo, Sr. Presidente, que quem vive na abastança com quatro ou cinco empregos, se sinta com força moral para exigir aos funcionários públicos, tanto civis como militares, que vivam com os seus míseros vencimentos.

Emquanto os homens do Governo estiverem ligados a interesses que estão em antagonismo com os do povo, não podem merecer deste a devida confiança.

Para se ter força moral, para exigir sacrifícios ao povo, é preciso que se compartilhe também desses sacrifícios.

Emquanto os Ministros não tiverem força moral bastante para se imporem à opinião pública, não há maneira de se fazer neste país o que é necessário fazer-se.

Tenho dito.

O Sr. Mendes dos Reis: — Sr. Presidente: breves palavras apenas, porque entendo que incidentes desta ordem devem ser liquidados com rapidez para prestígio do Parlamento e das instituições.

Adopta-se agora muito o sistema da ca-, lúnia e da suspeição contra os homens públicos. Há, por assim dizer, um prazer doentio em emporcalhar e atirar a lama mais fétida à cara dos homens da República.

Faço votos e desejo ardentemente que o Parlamento, embora animado das melhores intenções, não faça o jogo daqueles a quem convém o seu desprestígio e o do regime.

O Sr. Procópio de Freitas (interrompendo]:—Há, pelo contrário, vantagem em se trazerem para aqui estas questões para se esclarecerem.

O Orador:—Eu não me refiro ao facto de V. Ex.a ter levantado a questão.