O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 20 de Junho de 1924

15

E S. Ex.a, acentuando bem que não se estava justificando, mas apenas dando as explicações que o Senado merece, não deixo a no espírito de nenhum membro desta Câmara a mais pequena dúvida sobre a honestidade do seu procedimento.

Não são os actos do Sr. Ministro do Interior que estão em discussão. Se estivessem, alguma interpelação lhe teria sido feita e então seria ocasião de apresentar uma moção.

Mas o Sr. Sá Cardoso, depois de plenamente se explicar e de mostrar a sua repulsa pela forma como se fazem insinuações, terminou por umas palavras que a Câmara não pode aceitar.

Apoiados.

S. Ex.a disse que, em virtude dessas insinuações, não podia continuar a ser Ministro do Interior.

Esse gesto do Sr. Sá Cardoso não pode ficar como precedente '(Apoiados), porque seria a maneira fácil e cómoda de fazer 'sair qualquer Ministro.

Eepito, não ó a personalidade do Sr. Ministro. do Interior que está em jogo, mas sim o coronel Sá Cardoso.

O Senado precisa der responder ao gesto do Sr. Sá Cardoso. É por isso que eu, embora não tivesse havido uma interpelação, mando para a Mesa uma moção concebida nos seguintes termos:

«O Senado, manifestando'a sua'alta consideração pelo coronel Sr. Sá .Cardoso, passa à ordem do dia.—Mendes dos Reis-».

Vozes : —Muito bem, muito bem.

O Sr. Silva Barreto: — Foi para mim bem doloroso o momento em que ouvi insinuar ou fazer afirmações que parece quererem atingir ou denegrir o carácter de um homem que à República tantos serviços tem prestado e ao qual nós respeitamos e consideramos justamente por esses mesmos serviços.

Não ó em nome deste lado da Câmara qae falo, é em meu nome pessoal.

Vozes: — Mas pode falar em nome de todos. „

O Orador: — É em meu nome que falo, porque infelizmente não se encontra neste

lado da maioria quem de direito devia falar.

A Sá Cardoso ligam-me laços de íntima amizade desde há muitos anos, mas não são as minhas relações de amizade com S. Ex.a que mo obrigam a considerá-lo um dos homens, sem a menor dúvida, mais honestos da República.

Sr. Presidente: conterrâneos meus, seus amigos e também meus, várias e muitas vezes me têm afirmado, por conhecimento próprio, a necessidade que Sá Cardoso tem de aplicar a sua actividade com o obter os indispensáveis meios para ocorrer às mais urgentes necessidades da sua vida.

Muitos apoiados.

Tenho a certeza que este lado da Câmara não pode deixar de dizer ao Sr. Sá Cardoso que não deve, de forma alguma, abandonar aquele lugar porque isso seria um precedente desgraçadíssimo, e então toda a gente, ou pelo menos todos aqueles que usassem de menos escrúpulos, poderiam, de um momento para outro, não só levar à demissão qualquer Minis tro como o próprio Ministério.

Tenho uma grande consideração pelos homens que neste momento se sentam nas cadeiras do Poder, por todos eles, porque os actos do Poder Executivo têm sido de modo a prestigiar o regime e moralizar a administração pública. s

Ora, justamente, porque tenho uma grande admiração pelas pessoas que se sentam naquelas cadeiras, tenho por Sá Cardoso igual admiração, senão superior a todos os outros, justameiitepelas considerações que acabo de fazer.

Sr. Presidente: é uma onda de lama que parece querer envolver todos os homens da República. Extravaza por todos os lados, é uma campanha certeira aquela que se tenta fazer contra os homens da República, intentando derrubá-los sob o ponto de vista da moralidade. Ai de nós,, republicanos, senos deixássemos envolver nessa onda negra da lama pestilenta.