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Diário das Sessões do Senado

me sendo permitido, portanto, falar doutro lugar, que não seja destas bancadas, apesar de ter feito a declaração formal que abandonava o Ministério, vejo-me na necessidade de voltar até 'elas para responder à gentileza com que os Srs. Senadores de todos os lados da Câmara me honraram insistindo para que o coronel Sá Cardoso voltasse ao seu lugar do Ministro.

Mas, Sr. Presidente, eu tenho uma opinião diversa daquela que a maior parte dos Srs. Senadores apresentou.

Não se trata, como S. Ex.as pensam, duma questão pessoal, e se assim fosse não teria dado as explicações que dei.

Mas neste momento do que se trata — e foi assim que eu coloquei a questão— é duma questão política e moral.

^Imaginou, porventura, V. Ex.a, Sr. Presidente, imaginou o Senado, que eu deixaria este lugar, que o Sr. Presidente da Republica me confiou e com que me honrou, por um jornal, qualquer, se lembrar de me insultar, como se eu aceitasse como bom o ter de descer até ele para lhe ouvia e rebater as suas censuras?

Não abandonaria, nem estabelecia o precedente, para que amanhã qualquer Ministro tivesse de abandonar este lugar, só por um jornal se ter referido a ele, menos correctamente.

Eu abandono este lugar, disse-o, repito-o e conservo-me na mesma atitude, porque aqui, nesta Camará, alguém houve que pediu, sobre os meus actos, um inquérito.

Tem todo o direito de o fazer, agraáe-ço-o até, mas desde que alguém, querendo qne se fizesse um inquérito aos raeus actos, levantou uma suspeita, não há poderes que me obriguem a voltar a ocupar o lugar de Ministro.

Isto não quere dizer que, a todos os Srs. Senadores que me honraram com a sua confiança e com a sua gentileza, pedindo-me para me não afastar deste lu-

gar, eu não agradeça a amabilidade que me dispensaram; e até ao Sr. Joaquim Crisóstomo, que me trouxe 'a ocasião de pôr às escâncaras de Portugal a minha vida de homem, de cidadão e de Ministro, até a ele, eu agradeço o favor que me prestou.

E agora permita-me V. Ex.a, Sr. Presidente, que, sendo esta a última vez que uso da palavra, como Ministro, eu dirija ao Sr. Presidente do Ministério os mais sinceros agradecimentos, pela pressão que sobre mim. exerceu para não deixar o meu lugar de Ministro hoje de manhã.

Sr. Presidente: a razão da minha saída está na suspeita que envolve o pedido de inquérito feito pelo Sr. Joaquim Crisóstomo.

Tenho dito.

O Sr. Joaquim Crisóstomo : — Sr. Presidente: depois da .manifestação unânime da Câmara supunha que o Sr. Ministro do Interior declarasse que se conservava no seu lugar.

S. Ex.a persiste no propósito de abandonar a sua pasta, atribuindo-mo a responsabilidade do seu acto.

Não é justo o seu procedimento, porque, nas minhas considerações,. só estabeleci doutrina; não quis atingir absolutamente ninguém.

O que disse, a doutrina que estabeleci, sustento-a ainda, e o Sr. Ministro, depois da manifestação unânime da Câmara, não tem direito a abandonar o seu lugar, e se o abandona é tam só por um acto de teimosia.

O orador não reviu.

Foi lida na Mesa e aprovada por unanimidade a moção do Sr. Mendes dos Reis.

O Sr. Presidente:-^-A próxima sessão ó na têrça-feira à hora regimental. Está encerrada a sessão. Eram 19 horas e Õõ minutos.