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Diário das Sessões ao Senado

rações; mas não responderia ao jornal que me atacou..

, O Sr. Joaquim Crisóstomo (em aparte):— Mas pode responder pelos tribunais.

O Orador:—Pelos tribunais! Para me condenarem.

Em casos onde se mete a imprensa ela é sempre favorecida pelo juiz.

Interrupções.

O Orador:—Peço a V. Ex.a8 que não

me interrompam.

Quando V. Ex.as usaram da palavra, eu não os interrompi.

Muitos apoiados.

Deixem-me apresentar claramente o meu raciocínio.

Dadas estas breves explicações, vou entrar propriamente no assunto.

Foi o Sr. Eibeiro de Melo quem levantou a questão da Companhia de Cal e Cimento, nesta casa do Parlamento, mas levantou-a duma forma um pouco nebulosa, dando origem a que alguns jornais, no mesmo dia, ou no imediato, se referiram veladamente à minha pessoa.

'Isso levou-me a no dia seguinte dirigir uma carta ao Sr. Presidente do Ministério, pedindo a minha exoneração do lugar de Ministro.

O Sr. Presidente do Ministério disse--me que o caso não era para isso, e que mal iria aos Ministros se procedessem dessa forma.

Não fiquei absolutamente convencido com o caso, e, então, o Sr. Presidente do Ministério disse-me que falaria com o Sr. Ribeiro de Melo, e que depois eu poderia pautar o meu procedimento como melhor entendesse.

Passado pouco tempo, recebi uma carta do Sr. Presidente do Ministério, e j unto uma outra escrita pelo Sr. Eibeiro de Melo, que era mais ou menos o que S. Ex.a disse da sua cadeira há pouco.

Agradeci depois ao Sr. Ribeiro de Melo às suas palavras, porque sempre agradeci as palavras de elogio mesmo quando elas são justas.

Não posso portanto deixar de agradecer agora também novamente ao Sr. Ribeiro de Melo as suas palavras, tanto mais que elas são as precisas, para me colocarem absolutamente fora da questão.

É S. Ex.a quem diz que não há um documento que possua uma única palavra a me a respeito.

O Sr. Joaquim Crisóstomo disse que era preciso que eu me justificasse.

Não me justifico; darei explicações' à Câmara.

A justificação implica a idea da culpa, e eu garanto que não sou culpado.

Mas a melhor maneira de o provar é cornar a V. Ex.a o que se passou.

Fui realmente convidado para fazer parte da Companhia de Cal e Cimento. Tive então o cuidado de indagar se essa companhia tinha contratos com o Estado e foi-me asseverado que não, como realmente tive ocasião de verificar.

E desde que assim era, eu julguei-me e julgo-me no meu libérrimo direito de empregar a minha- actividade onde eu quiser, tanto mais -que nunca aceitei favores da República.

Nunca à República pedi um favor para mim e nunca da República aceitei nada, senão distinções honoríficas, imerecidamente dadas, é certo.

Vozes:—Não apoiado! Não apoiado!

O Orador:—Mas favores pecuniários nunca os recebi. Precisamente por isso, tenho de trabalhar fora da República p ara me poder apresentar como homem que tem uma posição política no país.

É, pois, absolutamente verdade que fui convidado a fazer parte daquela companhia e que, depois de ter verificado se ela não tinha contratos com o Estado, acei-' tei.

Das palavras do Sr. Ribeiro de Melo conclui-se que quando eu aceitei o cargo de administrador da. Companhia de .Cal e Cimento já se tinham dado os factos por que eu sou acusado num jornal. Mas se esses factos passados em 1922 fossem condenáveis, e não sei se o são, eu, que entrei em 1923, que responsabilidade posso ter neles?

O Sr. Joaquim Crisóstomo: — Conforme. Se V. Ex.a tivesse conhecimento de que havia um-roubo, não devia querer fa-' zer parte duma companhia de ladrões.