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Diário das Sessões ao Senado

ao estrangeiro, não acontece quando vêm à metrópole porque, neste caso, o Governo, fazendo um negócio de câmbios, fica com a diferença cambial que aos funcionários pertence, atirando-os para a mais negra miséria em Portugal.

Eu sei de funcionários que estão em Lisboa recebendo 400$ por inês. Não podendo aqui viver com tal quantia, fugiram para a província. Um que teve de vir a Lisboa passar uma semana para ser presente à junta de saúde despendeu durante essa semana os 400$.

Julgo que as licenças graciosas se impõem como uma necessidade. Ao fim de alguns anos o Estado quere que os seus funcionários, felizes e satisfeitos, regre-sem à terra da Pátria para matar saudades, para visitar a família e para retemperar a saúde.

Todavia com o negócio de câmbios que se está fazendo os funcionários não vêm cá.

Os que têm lâmpada acesa vão para o estrangeiro. Aqueles que não a têm deixam-se ppr lá ficar.

Os funcionários de Macau estão na situação • de simples degredados que não podem de lá sair sem correrem o risco de encontrarem na terra da Pátria a mais apavorante miséria.

A colónia de Macau, e é em nome dela que eu falo como seu legítimo representante, aão precisa, não deseja, não quere semelhante dinheiro à custa de sacrifícios máximos dos seus serventuários.

Acabe-se com essa diferença de abonos quando se vai ao estrangeiro ou quando se vem a Portugal.

Que os nossos governantes, de cá e de lá, adoptem as providências necessárias para que o dinheiro que aos funcionários de Macau pertence lhes seja integralmente pago estejam onde legitimamente estiverem.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Presidente: — Comunicarei ao Sr. Ministro das Colónias as considerações de V. Ex.a

O Sr. Tomás de Vilhena: — Estamos todos sentindo o peso da acção governa-tiva nefasta.

Em nome deste lado da Câmara vou protestar rijamente contra o enterro da prata, que se fez em circunstâncias tam desastradas que alarmou o País.

No tempo em que essas coroas corriam havia sossego, ordem e disciplina; as classes não estavam em guerra umas contra as outras, não se assistia ao espectáculo tremendo de não se ter chegado ainda a. um entendimento com os funcionários telégrafo-postais, pelo que o País está sofrendo consequências terríveis.

Vi uma nota explicativa do Governo sobre esta questão, mas ninguém se pode conformar com ela.

Trata-se de uma questão patriótica. É preciso que não saia mais nenhuma prata nas condições e pelo processo escuro e sinistro por que saiu aquela.

Não podemos assumir semelhante responsabilidade. Ainda estão nos colres 1.200:000 libras em prata que ainda nos oferecem alguma garantia.

Quando se tenha de mexer-lhe, isso se faça da forma que o Estado possa daí auferir algum proveito.

Já nos levaram a pele e a carne. Agora querem-nos levar os ossos.

O orador não reviu.

O Sr. Oriol Pena:—Estava bem disposto quando vim para a Câmara imaginando . encontrar qualquer cousa de novo com respeito ao Governo, mas continuo a ver a bancada ministerial erma.

Desde quinta-feira estamos sem Governo e faço votos para que o péssimo Governo derrubado não seja substituído por outro pior ainda, tendo visto cons-tantemente os governos da República irem de mal a pior.

O meu presado. leader acaba de fazer algumas considerações muito sentidas a respeito da prata.

Pui talvez um dos últimos a vê-la ein parte, porque, na véspera de ela ter emigrado a ocultas, passei diante da Casa da Moeda por duas carroças inteiramente carregadas, de massos de lingotes que pela cor e forma me pareceram ser de prata.