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de 30 de Junho de 1924

A outra parece ter partido em sacos c era do cunho dos últimos reis de Portugal.

Alguma dessa prata representava a abnegação que levou o Kei-Soldado a dis-. por das pratas da sua casa para acudir à miséria pública.

Quantum mutatus ab illo!

Hoje faz-se exactamente o contrário, explora-se a miséria pública para enriquecer os mandantes, os que estão no topo.

Mas, Sr. Presidente, deixemos a prata, emigrando. Ficamos com a saudado de não a ver voltar mais, fazendo votos, como o Sr. D. Tomás de Vilhena, para que o resto não leve o mesmo caminho.

Francamente, a nós pode-nos magoar o coração ver que se põe no prego, miseravelmente, essa prata cunhada com a efígie dos reis de Portugal, amontoada dentro em pouco nas caves de qualquer iudeu ou por intermédio de qualquer judeu da city e que, com bom ágio, interviria no negócio.

Como V. Ex.a sabe, o mercado monetário de Londres não faz transacções com prata cunhada.

Faz transacções com prata, em barra, com o peso certo e com a estampilha ou punção de toque garantido.

Deixemos este assunto e vamos tratar dum outro, conhecido por referências de jornais e também por algumas informações particulares, afirmando ter-se produzido um grave motim, ou onda de revolta, com as consequências a que S. Ex.as desse lado esquerdo da Câmara costumam dizer serem os efeitos da justiça popular í

Triste é a tal justiça popular, bem merecedora do nosso veemente protesto. Protesto que faço em nome da minoria porque nunca podemos aqui apoiar um acto dê desordem.

De factOy produziram-ge graves perturbações em algumas freguesias do concelho de Agueda, cujos habitantes fizeram destroços nas instalações estabelecidas perto dum rio desse concelho para lavra duma mina e tratamento dos minérios de chumbo e cobre argentífero, cuja lavagem arrasta produtos tóxicos e esterilizantes que misturados às águas correntes as tornam impróprias para as regas de terrenos cultivados, destruindo-lhes a anterior fertilidade e nocivas para os gados pela sua grande toxidez.

Os povos da freguesia tocaram a rebate, e os povos das freguesias vizinhas ali acorreram e praticaram actos que são sempre de censurar e devem ser verberados por quem tem voz nestas assembleas, por representarem irregularidades, possivelmente justificadas ou justificáveis, mas devendo ser sempre vigorosamente condenadas e punidas.

O facto é que esses povos, dirigindo-se em grande massa aos barracões e usando dinamite, tam generalizada entre nós há doze ou catorze anos, fizeram com esse terrível explosivo saltar os armazéns, maquinisnios e as turbinas, que foram pelos ares, escaqueiradas,

Os prejuízos são, ao que parece, de centenas de contos, e ocorre preguntat se o Governo, ainda encarregado do expediente de negócios, tem ou não tem poder, tem ou não tem força, tem ou não energia para averiguar o que se fez e punir Onde haja que punir?

A origem destes tristes acontecimentos parece ter os seus fundamentos ein ercféns e decretos contraditórios, em que um Ministro faz ou desfaz o que o â,nterior desfez ou fez.

Afirma-se que isto não se teria dado agora se estivesse em vigor a portaria ou decreto em que o Ministro, Sr. Pedro Pita, procurara acautelar os interesses dos proprietários utilizando aquelas águas e cujo efeito foi sustado ou' desfeito por outro diploma da responsabilidade do Ministro. Sr. Lima Duque.

Parece também haver no Conselho Superior de Minas alguém, facciosamente ou interesseiramente, protector da empresa exploradora, que procurava não fazer cumprir as prescrições necessárias para evitar serem inquinadas pelos produtos de lavagem do minério as águas daquele rio, providências insistentemente requeridas há muitos anos pelos proprietários e agricultores lesados.

Não tendo nós Ministros, Sr. Presidente, peço a' V. Ex.a o favor de chamar a atenção do Ministro competente 'para ver se esta borbulhiuha não tem influência, não começa a alastrar-se por todo o país, em detrimento da segurança pública e do sossego dos habitantes deste desgraçado Portugal.