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Diário das Sessões do Senado

que não houve desatarrachadores que os tirassem' de lá!

Supunha eu que estes senhores, três ou quatro dias depois de tomarem contas das suas pastas, provocariam uma nova reunião do grupo dos independentes, a quem diriam.:

Nós queremos trabalhar; nós queremos valorizar os independentes, tencionamos fazer isto ou aquilo.

Pois não sucedeu isso. Simplesmente trataram de aproveitar o seu automóvel, satisfazer a sua vaidade pessoal e os desejos de alguns dos seus amigos.

^Como posso, pois, acreditar nos independentes, que se serviram de mim coino degrau 'e que depois passavam por mini quási não me conhecendo?

Depois dessa dura lição áfastei-me do grupo dos independentes e nunca mais quis entendimentos com ele.

Mas, a deslealdade desses nossos amigos foi ainda mais longe.

Cessada a causa que os tinha levado ao Poder e que foi, como eu já disse, o Sr. António Maria da Silva não ter força parlamentar suficiente para se manter no Governo, cessada, dizia eu, essa causa, devia cessar também a permanência no Governo desses três ^parlamentares independentes.

Seja-me permitido, de passagem, salientar a nobre atitude assumida então pelo Sr. Leote do Rego, honra seja feita à sua memória de português, homem de quem sempre me prezei de ser muito admirador e muito amigo, apesar de discordar muitas vezes da sua orientação e critério.

O Sr. Leote do Rego, vendo que tudo isto se desfazia e dilacerava, pediu uma reunião dos independentes, convidou os Ministros de então a assistir e pôs-lhes a questão nestes termos:

«É necessário que alguém se salve neste desmanchar de feira».

Os Ministros pediram mais alguns dias para ver se a situação se definia e foram acompanhando até o fim o Sr. António Maria da Silva.

Vemos perfeitamente, portanto, que esta situação de independente não traduz uma corrente de opinião.

Aparte do Sr. Ribeiro de Melo.

O Orador:—V. Ex.a talvez veja em mim um competidor, mas declaro publicamente que nunca farei concorrência a V. Ex.a nem a ninguém,, para ocupar uma cadeira de Ministro.

Neste pais, em geral, só se conquistam essas cadeiras tendo-se muito talento, que eu não tenho, ou sendo-se muito tolerante, muito submisso e disciplinado, qualidades que V. Ex.as certamente não reconhecem em mim.

Não posso, portanto, conquistar nunca um lugar de Ministro e só um acaso me levaria a esse lugar.

O Sr. Ribeiro de Melo:—^V. Ex.a dá-me licença ?

Eu sou homem de honra e vergonha. . Declaro que nunca serei Ministro, porque me julgo incompetente e incapaz de sobraçar uma pasta ministerial,

Esta declaração já a tenho feito; é pública e notória.

Apresente V. Ex.a uma declaração igual, se é capaz.

O Orador: — Mas o Sr. Abranches Ferrão, convidado para a pasta das Finanças, foi depois parar à pasta da Instrução.

Por mim não lhe reconheço o direito de ocupar aquele lugar como representante dos independentes.

O Sr. Rodrigues Gaspar, ao fazer o elogio dos seus colaboradores, na Câmara dos Deputados, disse que o Sr. Abranches Ferrão era um distinto professor.

Trata-se de um professor dum ramo diferente da espacialidade do Sr. Rodrigues Gaspar, e S. Ex.a não tem competência para passar um diploma de professor ilustre a esse seu colega.

Mas mesmo partindo do princípio que o Sr. Abranches Ferrão seja um distinto professor de iDireito, pregunto qual a relação que existe entre um professor de Direito e a função de Ministro da Instrução, porque para se ser professor de Direito não se está obrigado a conhecer a organização dos vários ensinos.

Somente se podia» entender necessário no Governo o Sr. Abranches Ferrão para se pronunciar, na sua qualidade de jurisconsulto, em questões estritamente jurídicas.