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Sessão de 23 de Julho de 1924

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ches Ferrão; lá tinha o Sr. Dr. Catanho de Meneses, que é uma verdadeira competência em matéria de Direito. S. Ex.a é considerado, pela advogada de Lisboa, um dos mais distintos jurisconsultos.

Portanto, se S. Ex.a foi buscar o Sr. Abranches Ferrão pela circunstância de ser um professor de Direito, não era necessário isso, porque o Sr. Rodrigues Gaspar tinha; a seu lado um distintíssimo homem de leis, o Sr. Catanho de Meneses.

Demais, não posso nunca esquecer, nem a Câmara, uma lição de sciência jurídica que o Sr. Dr. Catanho de Me-neces deu ao Sr. Abranches Ferrão a propósito dum diploma legislativo referente à lei do inquilinato.

O Sr. Dr. Catanho de Meneses demonstrou à evidência que o Sr. Abranches Ferrão, então Ministro da Justiça, ao promulgar um decreto sobre lei do inquilinato havia procedido mal e até com pouca lealdade.

Não posso compreender, Sr. Presidente, que depois do que aqui se' passou o Sr. Rodrigues Gaspar fosse convidar para serem seus colaboradores no Governo o Sr. Dr. Catanho de Meneses e o Sr. Abranches Ferrão.

Eu que acompanho a vida política portuguesa há longos anos nunca vi um discurso tam brilhante como o que proferiu o Sr. Dr. Catanho de Meneses, tendente a combater o Sr. Abranches Ferrão.

Devo dizer ainda que foi com pasmo e admiração que no dia imediato àquele em que o Sr. Dr. Catanho de Meneses fez esse ataque cerrado ao Sr. Abranches Ferrão, o vi continuar no seu lugar como se nada se tivesse passado.

Não desejo ser desagradável ao Sr. Abranches Ferrão, S. Ex.a é uma pessoa cheia de talento, um distinto professor de direito, mas estou convencido de que não vem dar vida nenhuma, a este Governo.

S. Ex.a foi uma figura apagada no Ministério do Sr. António Maria da Silva.

Estou, portanto, absolutamente convencido de que se algumas ideas tivesse o Sr. Abranches Ferrão sobre o ensino, S. Ex.a as reservaria para si e as levaria consigo para a sepultura.

S. Ex.a imporia a si próprio o silêncio absoluto e reservaria as suas ideas para

que nunca o Sr. António Maria da Silva o pudesse acusar de desleal ou traidor. .

Para a pasta do Trabalho foi o Sr. Xavier da Silva. Se não tenho motivos para defender S..Ex.a também não tenho razão para o combater. Mas a verdade é que não vejo razão alguma que justifique o ingresso de S. Ex.a na pasta do Trabalho. Relatam os jornais que quem estava reservado para essa pasta era o Sr. Pires Monteiro.

O Sr. Presidente do Ministério destinava a pasta do Comércio ao1 Sr. Xavier da Silva, o qual lhe respondeu o seguinte: — Eu não quero nem aceito'a pasta do Comércio; eu, quero a pasta do Trabalho, porque é nessa pasta que eu me sinto bem.

Serão talvez estas palavras do jornalista menos fiéis, mas o que é certo é que os jornais as dão como verídicas.

Ora, desde que fiz a minha preparação scientífica e abandonei as ideas da metafísica, para abraçar as do determinismo, as ideas práticas e as da.experiência, em face de tais palavras sou obrigado a pre-guntar:

<_. que='que' a='a' razão='razão' silva='silva' cadeira='cadeira' sente='sente' do='do' bem='bem' sr.='sr.' o='o' p='p' se='se' por='por' na='na' trabalho='trabalho' xavier='xavier' qual='qual' da='da'>

£É porque S. Ex.a é muito activo?

Não, porque ei nada conheço da vida particular de S. Ex.a; e, se fôssemos a considerar tal razão, muitas pessoas poderiam ocupar a pasta do Trabalho.

(jSerá porque S. Ex.a conhece a fundo e tenha tratado destes assuntos em revistas, conferências, ou na imprensa?

Eu dedico-me a esse ramo de sciência, que é muito interessante è que se prende com o futuro da humanidade, e contudo não conheço nenhum livro ou tratado de S. Ex.a versando estas questões.