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Sessão de 23 de JuÍho\de 1924

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estabelecimentos bancários, mas os nossos indígenas.

Portanto, a situação política do Sr. Ro-drigues Gaspar não é de tal natureza e importância, como se afirma e diz, que a imponha "à consideração nacional, como um bom administrador do País.

É de notar que o Sr. Rodrigues Gaspar escolheu para seus colaboradores algumas individualidades, a quem eu presto o culto do ineu respeito, mas que reputo incompetentes para o desempenho das pastas que lhes foram destinadas.

E são S. Ex.as mesmo os primeiros a reconhecê-lo.

Assim, o Sr. Abranches Ferrão, numa entrevista jornalística, disse que não sabia ainda o que ia fazer.

Que significa isto? E que os Ministros são chamados para as cadeiras do poder, não para pôr, de pronto, em marcha os negócios dependentes das suas pastas, mas sim para estudar.

O Sr. Daniel Rodrigues também interrogado disse pouco mais ou menos o mesmo, acrescentando que continuaria a obra do seu antecessor.

Ora, se era para seguir a obra financeira do Sr. Álvaro de Castro que ia ao poder, o melhor era deixar lá ficar S. Ex.a Não havia vantagem em mudar de Ministério pelo que a Câmara' dos Deputados devia rejeitar a moção do Sr. Vitorino Guimarães, de que resultou a queda desse Governo.

Visto que me estou referindo ao Sr. Daniel Rodrigues, vejamos quais os merecimentos de S. Ex.a para exercer as funções de Ministro das Finanças. S. Ex.a é o primeiro a declarar que vai estudar e, em segundo lugar, que vai seguir a obra do Sr. Álvaro de Castro.

Parece-me que o Sr. Daniel Rodrigues não precisava dar essa resposta, salvo se S. Ex.a assinou de cruz o relatório que precede as contas da Caixa Geral dos Depósitos, em que se acentuam a conveniência e a necessidade de decretar medi-

das respeitantes a esse importante estabelecimento de crédito.

Bastava que o Sr. Daniel Rodrigues quisesse dar algumas indicações ou alguns elementos a quem o entrevistava, acerca do seu programa, bastava que S. Ex.a se referisse a alguns dos assuntos que constam do mencionado relatório, onde se faz sentir às instâncias oficiais a necessidade de tomar medidas tendentes a que todos os dinheiros das câmaras municipais, das repartições e de outras autoridades públicas dêem entrada na referida Caixa, ao mesmo tempo que também se frisa no mesmo relatório a conveniência de alargar o crédito industrial e o crédito agrícola, para esboçar um programa de governo.

Por duas razões dispenso-me de relatar e mencionar todos os pontos deste relatório.

Há porém um que não podia deixar passar despercebijdo; é que sendo o Sr. Daniel.Rodrigues um democrático da velha guarda, quando tratou da situação das caixas de crédito popular, S. Ex.a achou pouco o juro de 8 por cento que pagam os prestamistas, aqueles que vão empenhar objectos na Caixa Geral de Depósitos.

Ora é de estranhar que um homem que se diz democrático não compreenda as necessidades dos povos e ainda lhes queira exigir um juro superior a 8 por cento, quando se lhes empresta apenas a terça parte do valor dos objectos empenhados.

Demais, Sr. Presidente, a Caixa Geral de Depósitos quando recebe qualquer quantia, não paga de juro mais de 4 por cento, o que quer e dizer que tem um lucro de 4 por cento.

Todavia, essa Caixa não paga rendas, nem contribuições, visto ser uma instituição do Estado.

Talvez com a teoria da relatividade do sábio Einstein se consiga explicar esta espécie de relações entre o Estado, a Caixa e aqueles que a ela recorrem.