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Sessão de 23 de Julho dê Í924

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O Sr. Salema escreveu uma carta em que revela a sua incompetência absoluta para ir gerir qualquer pasta, dizendo que tem visto ocupar aduelas cadeiras por verdadeiras nulidades. Apesar de não conhecer o Sr. Salema,- se fosse consultado sobre esse assunto, infelizmente teria de dar o mesmo parecer,

O Sr. Salema afirma na sua carta duas COUsaS:

l.a Que havia razões para ele ser con-, vidado para Ministro, porque, segtmdo a Sua opinião, verdadeiras nulidades têm passado pela pasta da Agricultura; e se S. Ex.a lá fosse seria mais uma nulidade â registar.

2.° Que num país onde todos querem ser Ministros, acha curioso que haja pelo menos uni que o não quere ser.

"Mas o qtie há mais a Salientar é o Sr. Salema dizer que todos moífem pôr ser Ministros.

Este «todos» a quem se refere?

^Todos os que estão no Governo, os que por lá têm passado, ou os que estão para passar por lá?

S. Ex.% afirmando isto, refuta a cho-ríídeira dos que lá estão e que dizeni:

«Estamos aqui com muito sacrifício . i.»

Risos.

O Sr. Salema não se furtou também a uma entrevista que eu li tio Diário de Lisboa Q que-eu guardei na carteira das cousas preciosas,

O Sr. Júlio Ribeiro: —V. Ex.a está fora da ordem*

O Orador:—Eu 'estou absolutamente dentro da ordem, porque não há delimitação para usarmos da palavra quando da apresentação ministerial.

S. Ex.a entrevistado ntí Diário de Lisboa diz que não quere ser. Ministro por saber que nada .podia fazer por estar" lá pouco tènipo.

Ora veja V. Ex.a o belo colaborador qUè queria meter no Governo; antes de o mesmo Governo se apresentar, já lhe estava a passar a certidão 'de óbito!

^E o que queria fazer o Sr. Salema?

Não o disse, fez caixinha, por não querer que ninguém conhecesse os seus" planos antes de eles surgirem como um astro radioso no horizonte.

No Governo está representada a cof-

ferite dos independentes. Neste ponto, ein-bora incorra nas iras do Sr'. Vicente Ea-ttios, permito-mè dizer que não há Corrente de independentes.-

Os independentes são elementos de desagregação; Uão formam um conjunto,

E, a propósito de independentes, cito o seguinte:

O Sr. António Maria dá Silva, melindrado por Uffiâ deliberação da Câmara dos Deputados, que julgou qlie imputava numa desconsideração, pediu a sua exo-x floração.

Feitas as consultas da praxe, foi indicado o seu nome de novo.-

Procuraram-se novos colaboradores; viu fc'chada a porta dos nacionalistas e de outros partidos, e Só havia O grupo dos independentes à quem fecorrer*

Dirigiu-se ao mais antigo1,- que era o Sr. Freiria,

S. Ex,a cõnvOCdu para Uma reunião ttí-dos os parlamentares desse grupo, o quíil era composto de individualidades dê1 relativa importância. • ,

O grtiptí reSOlveUj em presença da situação política, dar d apdid a uítt Governo presidido pelo Sr. António Maria da Silva,

O Sr. Freiria procurou o Sr; António Maria dá Silva e ficou combinado qiie o grupo dos independentes daria três Ministros, um.para a Guerra, outro para a Justiça e outro para o.Trãbalho,

Tratou-se depois da escolha dos indivíduos que deviam beupár tais paátás e fO-ram indicados; o 8i% Freiria para ã Guef-rr; o Sr, Abrãnches FéífãO para a Justiça ; e o Sr. Bocha. Saraiva para o Trabalho.

Trtttava-se de pessoas de certa importância, sendo êsseâ nomes aceitos pelo Sr. António Maria da Silva.

Decorreram Um mêS; dois ínêses, três meses, e o Grupo Independente, qiié se tinha reunido para dar Ministros ao Governo e para colaborar com êíe, nunca mais foi ouvido, sendo abandonado por esses três Ministros independentes, como os filhos pródigos abandonam as cagas .dos pais e só lá voltam para pedir pão.