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Sessão de 23 de Julho de 1924

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Por ele se vê que o Sr. Rodrigues Gaspar esteve por um fio na contingência de não poder organizar Ministério e, se o organizou, foi devido à atitude tomada pelo Sr. Daniel Rodrigues, que se ofereceu para Ministro das Finanças.

Compreendo que tal se passasse com um homem de grandeza intelectual e política com um vulto eminente, mas nunca com o modestíssimo director dá Caixa Geral de Depósitos.

Foi, portanto, o Sr. Daniel Rodrigues que, pelo seu espírito de sacrifício, não sei se perante o País, se perante a sua consciência, ou situação partidária, veio dar possibilidade a uma situação que nun-. ca teria passado de imaginária.

ji/ste acto de abnegação do grande financeiro, patriota e grande vulto Sr. Daniel Rodrigues...

O Sr. Carlos Costa:—Qualidades que V. Ex.a não possui.

Muitos apoiados democráticos.

O Orador: — Sempre tenho ouvido dizer que presunção e água benta cada um toma a que quere...

O Sr. Procópio de Freitas:—Apoiado.

O Orador: — Mas veio uma carta publicada n-um jornal do dia, carta dum vulto considerado do Partido Republicano Português, o Sr. Pina de Morais, que ocupa hoje nesse partido um lugar de destaque pela sua inteligência, valor e patriotismo, apresentando a constituição do Governo, que é interessante.

Defendendo-a? Não.

Atacando-a? Sim.

E atacando-a da forma que ataca um grande patriota que não se preocupa com homens, porque ele não discute a competência de nenhum dos actuais Ministros nem o seu valor intelectual. Limita-se a fazer considerações, que classifico de natureza política e filosófica.

Ora, Sr. Presidente, £qual é o programa do Governo?

Ao ler a sua declaração ministerial, fiquei completa e absolutamente em branco, sem fazer o menor juízo sobre a orientação que se-propõe seguir.

O principal carácter do programa do Sr. Rodrigues Gaspar, segundo se anuncia, consiste em seguir- a obra do seu antecessor, Sr. Álvaro de Castro.

Pregunto eu:

(jComo se compreende que o Sr. Álvaro de Castro, combatendo com razões o Sr. Rodrigues Gaspar, seja agora o seu orientador?

E a propósito, devo recordar que apesar de.o Sr.-Ribeiro de Melo ter chamado^ ao Sr. Rodrigues Gaspar, invocando a fábula do «moris parturiens», rato, o Sr. Álvaro de Castro já lhe tinha chamado, usando de rodeios, gafanhoto.

Risos.

Entre estes dois não sei qual é o preferido.

Eu dispenso-me de comentários.

Mas houve mais.

O Sr. Rodrigues Gaspar foi ainda acusado de incoerente, pelo Sr. Álvaro de Castro, a propósito dap questão açucarei-ra, em Moçambique.

E não foi só uma vez que lhe chamaram incoerente: o Sr. Cunha Leal também lhe deu o mesmo qualificativo, por o Sr. Rodrigues Gaspar ter atacado o Sr. Domingos Pereira, por ter nomeado o Sr. Norton de Matos para nosso embaixador em Londres, e agora, como Presidente de Ministério, consentir que ele continue nesse posto.

Já nesta Câmara me referi a este caso, e o Sr. Ministro das Colónias estranhou que eu o fizesse, porquanto esse facto era anterior ao seu Governo.

Comentou o Sr. Rodrigues Gaspar, com o seu espírito vivo, o caso da nomeação do. Sr. Norton de Matos, dizendo que Londres não era um sanatório.

Por ocasião do debate entre o Sr. Álvaro de Castro e o Sr. Rodrigues Gaspar, ao tempo Ministro das Colónias, esse fez àquele referências desagradáveis.

A história dessas referências resume--se no seguinte: