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Diário dai Sessões do Senado

que não tem" aquela liberdade que devia ter para desenvolver um plano de administração fora da orientação do seu antecessor.

S. Ex.a tem de ser, sem dúvida, um escravo da obra do Governo anterior e, sendo assim, eu pregunto como é que o Governo reúne as condições necessárias para manter no espírito público Q sossego.

,j Pois porventura compreende-se que um Estado que se vê aflito não tenha outra maneira de resolver o caso, do que faltar à palavra?

(i Pois no capítulo relativo às despesas orçamentais não deviam estar acima de tudo, intangíveis, é o termo, aqueles que tinham direitos, aqueles que confiaram na palavra do Estado e lhe deram o seu auxílio numa hora difícil?

Não há ninguém dentro dos próprios portugueses capaz de confiar nam devedor que tem na mão o instrumento preciso para inutilizar os contratos que firmou.

E preciso, pois, que eu diga que a política do Governo anterior foi uma política de descrédito, que nos'vexou e humilhou.

Tenho, Sr. Presidente, de lembrar novamente a frase do Sr. Augusto de Vasconcelos :

— Se o empréstimo de Moçambique naufragou, o que porventura será um benefício para a colónia e para a metrópole, o facto é que ele não deixa de ter o aspecto moral, como a imprensa j á referiu, de que os banqueiros ingleses haviam dito que se não podia negociar com um País que não honra os seus compromissos. E ainda que tal não tivesse acontecido, mas amanhã virá a acontecer.

Estamos sujeitos a que amanhã lá fora nos atirem com estas palavras:

— jNão negociamos convosco, não vos entregamos o nosso dinheiro, porque não temos confiança em vós!

Isto, Sr. Presidente, não pode agradar a ninguém.

Muito má ,e até anti-patriótica foi a obra do Sr. Álvaro de Castro.

A prata.—Eu ouvi a resposta que sobre este assunto o Sr. Presidente do Ministério deu na outra Câmara e que foi quási ipsis verbis a mesma que aqui deu.

Concordamos que em certa ocasião e num dado momento se efectuasse essa operação. Mas pregunto:

^ Esse dinheiro serve unicamente para satisfazer as necessidades do Tesouro Público ?

Se o destino desse ouro é o mesmo daquele que se tem dado a tantas centenas de milhares de contos da circulação fiduciária, então essa operação é simplesmente ramosa.

O Sr. Presidente do Ministério dirá concretamente o que tenciona fazer desse ouro.

Ainda com respeito à redução dos juros da dívida externa o Sr. Presidente do Ministério, com aquela habilidade que todos nós lhe reconhecemos, desviou-se do assunto e não definiu o que pensava a esse respeito.

S. Ex.a disse: Há actos de administração que as circunstâncias justificam.

Conclusão que eu formo: Quando as circunstâncias justificarem um acto contrário àquele que praticou o Sr. Álvaro de Castro pratica-se esse acto.

Portanto pregunto eu:

jj.Quando é que S. Ex.a entende que essas circunstâncias aparecerão?

Relativamente ao nosso embaixador em Londres, o Sr. Eodrigues Gaspar reconhece que está numa situação muito delicada.

S. Ex.a quando na Câmara dos Deputados fez um ataque, como eu vi, decisivo e violento aos Ministros que fizeram a nomeação do Sr. Norton de Matos para nosso embaixador em Londres, proferiu palavras e frases que sem dúvida nenhuma fizeram - perder ao Sr. Norton de Matos toda aquela autoridade de que ele precisava para desempenhar uma missão tam delicada.