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Diário das Sessões do Senado

se há-de transformar nas melhores condições possíveis essa prata em ouro.

Sr. Presidente: creio que se fez aqui qualquer afirmação sobre o que, pensava o Governo acerca de matéria religiosa, salvo erro.

Eu devo dizer que o Governo há-de acompanhar com toda a solicitude as relações entre a Igreja e o Estailo, mantendo sempre aquela linha de conduta que se deve manter num' Estado neutral para as diversas correntes religiosas, mantendo a supremacia do Poder Civil acima de tudo.

Eu desgosto-me sempre quando vejo estar a atacar a República tomando como t>ase esta nota de relações entre a Igreja e o Estado.

Eu nunca senti que a República seja um sistema de perseguição a qualquer profissão religiosa.

Muitos apoiados,

Eu tenho do meu ideal republicano a impressão nítida de que o Estado neutral não persegue qualquer que seja a confissão religiosa de cada um, como não obriga a que siga esta ou aquela religião, como não obriga a qualquer deixar de ter uma religião.

É uma questão de consciência do cidadão em que a missão republicana não é outra senão manter a ordem, manter o respeito pelo Poder Civil, mas tendo cada um o direito desfazer o seu culto de modo a não prejudicar a ordem pública,

Eu estive nos Estados Unidos algum tempo e ainda admiro nessa grande República a forma como ali se mantinha a liberdade, completamente estranha à acção governativa, neutral perante essas diversas confissões.

Não se explore com essa questão porque a República não trata de ferir a consciência de ninguém. E mesmo o verdadeiro princípio republicano' libardade de consciência, liberdade de pensar, liberdade de se reunir, liberdade

Diz-se que eu tinha tido talvez uma habilidade — cousa que ainda não tinha descoberto em mim— de dizer na outra Câmara que era a hora das esquerdas, dizendo também que era a hora das direitas.

Então diz-se que eu andaria ora com a esquerda ora com a direita,

Eu não faço distinção entre o modo particular como trato os diversos indivíduos do modo político, porque eu não sou hipócrita.

Jíu disse porque ouço' dizer por vezes : hora das esquerdas.

Eu disse isto convencido que a hora é das esquerdas. Mas eu explicarei o que entendo por isso.

É porque, Sr. Presidente, não pode haver um ideal republicano sem que haja absoluta justiça social.

E se nós analisarmos bem a situação actual, havemos de compreender logo que estamos muito longe da verdadeira justiça social.

Sei que isso é um objectivo que nunca chegaremos a obter, mas havemos de pró-. curar atingi-lo e aproximar-nos dele tanto quanto possível.

Quem pensar reflectidamente há-de reconhecer que há muito que fazer nesse campo e, por consequência, há necessidade de todos nos unirmos e convencermo-nos de que a grande massa sofredora, quando reconhecer que ninguém a atende, virá para a rua.

Essa é que é a marcha para a esquerda, a marcha para a satisfação das reivindicações sociais, a marcha ao encontro daquelas necessidades a que me referi.

Assim como é a hora dessa marcha para a esquerda, é também a hora das direitas pensarem e concluírem que não é conveniente contrariar essa atitude; antes no seu próprio interesse, lhes convém auxiliá-la porque as regalias que hoje têm, nada ganham com a resistência.

Depois destas palavras, ninguém poderá pôr em dúvida o meu pensamento e a orientação do Governo que pretende trabalhar para que saiamos da situação em que estamos.

Neste sentido, apelo para o patriotismo do Parlamento, de forma a poder conse-o guir-se o ressurgimento do país e termos mais horas de sossego do que neste período que estamos atravessando.

O orador não reviu.