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Sesstto de 29 de Julho de 1924

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blico um sentimento de protesto e de revolta bem patente:

A Câmara nega o seu apoio ao Governo, aguarda a constituição, se é possível, de um Governo forte, homogéneo, com programa de imediata realização, concreto e definido, que moralize, ordene e discipline a administração 'pública e restitua ao Estado a confiança que deste se afastou e espera que sejam imediatamente revogados os decretos n.os 9:145, 9:416, 9:437, 9:306 e 9:761, passando à ordem do dia». — (Querubim Guimarães.

O orador não reviu.

O Sr. Pereira Osório: — Sr. Presidente: eu não vou tirar à Câmara senão uns minutos, quando muito.

Segui com atenção o debate político e, cousa curiosa, vi que, anunciando-se grande ataque ao Governo, esse ataque não se deu, porque os Srs. Senadores que entraram no debate e que mais ameaçavam ferir o Governo, eles próprios se. incumbiram de, apreciando um por um os membros do Governo, lhes tecerem elogios, declarando que esperavam trabalho honesto e patriótico.

De maneira que as moções quo alguns desses Srs. Senadores apresentaram são estranhas, porque fazem supor um ataque que realmente não houve.

Felicito, pois, o Sr. Presidente do Governo e os seus colegas pela maneira assaz benévola como foram recebidos, o que é raro suceder nestes casos. 51 Houve, porém, uma nota bem extravagante, que causou estranheza dentro desta Câmara e que me forçou a pedir a palavra pela segunda vez.

E que, realmente, tratando-se dum assunto essencialmente político como é o debato travado a propósito do recebimento do Governo numa Câmara, não se compreende que dum lado dessa Câmara, em que o seu leader manifesta o modo de pensar da corrente que representa, nela se levante uni Senador .desse mesmo lado da Câmara a apresentar uma moção de desconfiança ao Governo, isto é, tomando uma atitude inteiramente oposta àquela que eu, em nome do partido que tenho a honra do representar nesta Câmara, tenho tomado.

A verdade é que esse Sr. Senador, que eu sinto não esteja presente, declarou, com

aquela franqueza que o caracteriza, que falava em seu nome pessoal.

Mas esta declaração nem por isso destruiu a extravagância da sua atitude.

E, caso curioso, é que quem apresentou essa moção de desconfiança, que fazia supor um ataque cerrado ao Governo, rematou por fim por se dirigir a cada um dos seus membros tecendo-lhes elogios, citando mesmo trabalhos que esperava que fossem tratados e solucionados por esses membros do Governo, de maneira que afinal este lado da Câmara, e toda a Câmara esporaria que esse Sr. Senador retirasse a sua moção, que sendo de desconfiança evidentemente que se não contém nas considerações que ele fez referentes a cada um dos Ministros.

Mas a verdade ó que não a retirou, e eu tenho pona de S. Ex.a não estar presente, porque se o estivesse eu dir-lhe-ia que deixava à' sua consciência o encontrar a fórmula de conciliar essa moção com o lugar que ocupa neste lado da Câmara.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (Rodrigues Gaspar):—• Sr. Presidente: eu começo por agradecer aos ilustres leaders do todos os lados da Câmara e a outros Srs. Senadores que fizeram uso da palavra as referências feitas aos membros do Governo.

Tenho em muita consideração o Senado.

Não o digo agora neste momento de modo a que se possa tirar qualquer conclusão diferente do meu pensamento.

Fiz parte desta Câmara durante duas legislaturas, e já por vezes tenho dito as saudades que sinto duma Câmara onde durante esse tempo eu tive ocasião de conhecer os ilustres membros do Senado, e aquelas saudades que sinto desta Câmara onde havia uma delicadeza de sentimentos, uma delicadeza de tratamento, uma deferência para todos, quaisquer que fossem as suas ideas partidárias.

E v.i muitas vezes pôr-se de parte o partidarismo para todos nos interessarmos ,na resolução de problemas que considerávamos de magno alcance.

E por isso que eu tenho muito prazer em rememorar esse tempo.