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'Diário daí Sessôtoi dó Senado

À situação ein qUe se encontra o Sr. Norton de Matos hão é de molde a pod r-mOs ter aquela confiança e àquele sossego qúé devíamos ter se pbrvèntlira nos achássemos representados por tílitrá pessoa.

Independentemente das declarações feitas pelo Sr. Kodfigties Gaspar na ourra Câmara, ha Um facto que é incontestável e que anda por aí dó norte a sul e do este a beste.

É o facto de o Sr. Norton de Matos ter sido úiá verdadeiro esbanjador em Angola.

Ainda há pouco ouvi referir um facto que é deveras sintomático. Cinquenta famílias foram contratadas p"elo Sr. Norton de Matos para irehi colonizar parte de Angola, tendo sido depois recambiadas para a metrópole, faltando-se à fé dos contratos e colocando-se essas famílias numa situação precária e difícil.

Nenhuma animosidade me inove contra o Sr. Norton de Matos.

Ninguém veja nas minhas palavras se-nãd O desejo qiié eu tenho de que o nosso representante em Londres estivesse a coberto de quaisquer acusações.

O meu desejo.seria que O nosso representante ca Corte Inglesa estivesse a coberto" de insinuações e de todas as afirma-coes que só têrtt feito a respeito de ura homem que não se soube manter no seu lugar e que depois de ter feito rebentar a tempestade fugiu do seu 1'Ugar, em vez de mostrar que era a pessoa capaz de salvar a situação e de evitar qiie sobre o País se lançassem insinuações graves, de quê ele é unicamente o culpado.

Parece-me que esta situação se não pode, nem devo manter. Sem dúvida cue Londres não é um sanatório para doenças físicas ou morais; e, OU S. Ex.a não é aquele homem que se diz por toda a parte, claramente, e cuinpriu coni os seus deveres de português, que não comprometeu o futuro de Angoláj e então esteja em Londres, porque não há nínguéin, vem português nem inglês, que possa vexnr--nOS, atirando-nOs à cara coin â falta de dignidade moral do Sr. Norton de Matos,

ou S. Ex.a é aquilo ijilê se diz e, então, o seu lugar não é ein Londres, mas numa outra parte muito diversa.

Para prémio dos seus erros, da sua falta de valor, • da stia má administração e de todas as suas leviandades e esbanjamentos não é moral "qtie se mantenha numa tal situação de destaque um homem que tem atrás de si um passado que a todos escandaliza.

Kepito, não é à pessoa do Sr. Norton de -Matos qué-eli me dirijo, é à situação em que se encontra o representante de Portugal em. Londres, depois áe tantas afirmações que se tem feito a respeito desse homem.

Termino as minhas considerações mandando para a Mesa urna moção que resume toda a minha maneira de pensar e de sentir sobre o caso da apresentação db Governo. É a seguinte:

«A Câmara, considerando que o Governo não Satisfaz nem pode satisfazer as aspirações da opinião pública nem corresponde às mais instantes necessidades do país;

Considerando que, perante a crise grave que atravessa em todos os seus aspectos moral, político, económico e financeiro, só um Governo de competências, forte e íntegro, liberto de pressões ou sugestões das clientelas políticas, pode inspirar confiança à Nação;

Considerando que da declaração ministerial sé vô que o Governo pretende continuar a obra do seu antecessor, que tanto alarmou a consciência nacional" e que foi repudiada pelo Parlamento como nociva o perigosa, dando assim lugar à queda do Govêruo ánteiior;

Considerando que não faz sentido n^m se compreende que em tais condições o Parlamento dê o apoio a um Governo, cuja orientação administrativa é a mesma' daquele que ultimamente derrubou;

Considerando que assim, ao contrário do qtie se afirma nas primeiras palavras da declaração ministerial, o Governo não se acia constituído -segundo as normaà constitucionais;