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Diário das SetsÔe» do Senado

Mas, Sr. Presidente, este assunto tem de há muito, e sobretudo hoje, aspectos que são duma. grande gravidade.

Depois do regime em que se entrou, denominado «dos Altos Comissários», as relações entre estes e o Poder Executivo são de tal ordem, tam complicadas e tarn complexas que pode porventura haver da parte do Poder Executivo intervenções que prejudiquem a autonomia, por muito boa que seja a intenção, ou cortando-lhe essa autonomia, ou o inverso, que também é perigoso, não podendo assim a colónia desenvolver-se como seria para desejar.

É necessário sair deste estado de cousas, pois DÓS assistimos, durante a permanência do Sr. Norton de Matos no lugar de Alto Comissário, à reprodução fiel da administração pública em Portugal.

S. Ex.a levou para lá os mesmos processos, às vezes ainda mais eivados de erros, não se preocupando com os meios, tendo única e exclusivamente em mira os fins.

^ Os grande interesse para a província? Não.

E, coin muito mais autoridade, falou sobre este assunto, na outra Câmara, o Sr. Presidente do Ministério, Rodrigues Gaspar, que tinha deixado ainda não há muito tempo de ser Ministro das Colónias.

S. Ex.a, com aquela compostura e serenidade, como S. Ex.a se apresente, sempre nos debates parlamentares, não conseguiu deixar transparecer qual era a sua opinião, emquanto Ministro, sobre o Sr. Norton de Matos.

Mas quando S. Ex.a se livrou das rés-ponsabilidades do Poder, cm certa altura, foi o primeiro a fazer afirmações que gravemente, digo e repito, o comprometem hoje na sua situação de Presidente do Ministério, perante a nossa representação em Londres, escolhendo o Sr. Norton de Matos, que comprometeu todas as forças vivas de Angola, como se vê através de telegramas; não me parece razoável que se vá colocar uma pessoa nestas condições no cargo de representante dos nossos interesses junto da nossa secular aliada.

Em Inglaterra hão de ver sempre através da figura do Sr. Norton- de Matos a série de atropelos que S. Ex.a cometeu,

que outra coisa não foi a sua administração em Angola.

Sr. Presidente: referi-me na última sessão a esta anomalia verdadeiramente estranha de vermos que um lugar para que se exigem enfim todos aqueles requisitos que se devem exigir a um verdadeiro e bom diplomata esteja confiado a quem não deva ser.

Fica à consciência do Sr. Rodrigues Gaspar o lembrar-se das afirmações que fez quando classificou, com um humorismo muito significativo, de «Sanatório de Londres» a embaixada para onde foi nomeado o Sr. Norton de Matos.

O Sr. Rodrigues Gaspar, que está no Poder, que tem maiores responsabilida-des, consultará a sua consciência e verá se foi injusto, se foi excessivo fazendo as afirmações que fez naquela sessão memorável da Câmara dos Srs. Deputados quando falou em aventureiros políticos e se referiu ao Sanatório de Londres.

Se porventura notar que foi excessivo, depois de consultar a sua consciência, terá de dizer ao País: errei, as afirmações qus fiz não representavam a verdade, fi-las convencido que estava dentro da verdade, mas o exame que fiz da questão veio demonstrar-me qae realmente eu havia sido injusto, e eu entendo que o Sr. Norton de Matos deve continuar no seu lugar.

Mas emquanto S. Ex.a não se penitenciar das afirmações que fez à personalidade do Sr. Norton de Matos, é-me lícito duvidar da idoneidade do nosso representante em Londres, e é grave para o Sr. Presidente do Ministério deixar continuar esta situação. 6

Se é justo que deve haver um grande cuiclado na escolha dos nossos representantes perante as Nações que estão em boas relações com a nossa, muito mais é de exigir ao nosso representante junto da corte inglesa, porque o Sr. Rodrigues Gaspar, que conhece melhor do que eu a nossa história, sabe bem que através de todos os tempos marchámos sempre de braço dado com a Inglaterra.