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tiessão de' 29 de Julho de 1924

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sejain adversos ao regime; daremos portanto o nosso voto tanto à moção do Sr.. Ribeiro de Melo como à do Sr; Joaquim Crisóstomo.

É o que tenho a dizer a V. Ex.a

Tenho dito;

O Sr. Querubim Guimarães: —r Sr. Pro-

sidente: duas palavras apenas.

O Sr. Presidente do Ministério, que eu ouvi com muito agrado, confirmou manifestamente hoje, na resposta aos oradores que intervieram no debate político, os seus créditos de pessoa inteligente.

Sr. Presidente; eu tenho e tive sempre admiração pela inteligência humana. A inteligência se deve muito. A sociedade não podia progredir e a civilização marchar sem o esforço da inteligência. Tenho sempre admiração por ela e, sendo assim, não poderia deixar de ter igual quando demoistrada aqui pelo Presidente do Ministério, Sr. Rodrigues Gaspar. Masá Sr. Presidente, eu tenho muito medo dessa inteligência, porque a inteligência quando tenha ao seu serviço a palavra como instrumento de intuição clara e categórica do pensamento, é sem dúvida uma inteligência que traz bons resultados porque não deixa dúvida alguma no espírito de quem quer que seja; mas quando vejo fazer da palavra aquela arma subtil para em vez de traduzir a sinceridade do que pensa antes traduz aquilo que o pensamento não quere que seja, ficamos, sem dúvida, numa grande perplexidade; e então, concluo que nessas condições a inteligência é uma arma muito perigosa para quem tem de praticar e manifestar em realizações efectivas e imediatas qualquer planoj qualquer orientação.

Sem dúvida que o Sr: Presidente do Ministério se encontra num falso terreno, mas S. Ex.a, com aquela habilidade que todos lhe reconhecemos, habilidade não no sentido pejorativo da palavra, mas no de não desagradar a A nem a B, pronun^ ciou palavras que revestem emfim uma boa doutrina e um acto de cortesia, mas que para um Presidente do Miuisténoj nesta hora sobretudo, ó pouco importante, para não dizer nadai

O GJovêrno, na sua constituição não representa o que as indicações parlamentares impunham. Se S. Ex.a • estivesse à vontade, se tivesse aquela inteira liberda-

de que a um Governo convém; se" esti vesse livre de quaisquer preocupações que inuito e muito devem preponderar no seu espírito, e que tantas vezes o hão-dé desviar daquela linha que é seu desejo seguir j teria alguma esperança na perpetuidade da sua obra.

Mas S; Ex;a nasceu de tal maneira que se me afigura que já está à beira do túmulo.

O Governo está numa situação de tal ordem pelo que respeita à base em que tem de fundamentar a sua acção no Parlamento, quej sem dúvida, ã nós todos salta esta preocupação: é que, dentro de pouco tempo assistiremos a Outra crise ministerial de difícil solução, porventura muito ínais difícil do que a de agora.

Novamente se invocará o patriotismo^ o espírito de sacrifício do grande homem da República que à República deu inuito do seu esforço na propaganda, mas quê na hora bem aflitiva que o país atravessa ainda se não demoveu a vir prestai* o concurso da sua inteligênciaj que é grande, e o país Continua a. assistir a este espectáculo de séries de governos • sem nada de útil nem de produtividade fazerem. í Sr. Presidente: se eu visse que o Gò-vêrnò não tinha a preocupação de Seguir uma linha de conduta de forma a não magoar ou ferir o bloco^ que não ó um bloco de granito mas de areia^ aparentemente forte mas que se desfaz à uni sopro de vento, então, S. Ex.a com a inteligência que todos lhe reconhecemos, poderia fazer qualquer cousa de interessante com a competência, o esforço e bom senso dos colaboradores que tem; mas eu estou convencido de que as suas preocupações hão-de ser tam grandes que há-de sair do Poder sem nada ter feito em benefício do País.

Sr: Presidente: o Sr. Presidente do Ministério, concretamentej não respondeu às-preguntas que eu fiz quando afirmou aqui que o Governo seguia a mesma orientação em matéria política, económica e financeira do Governo anterior.