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Sessão de 29 de Julho de 1924

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um sanatório para doenças físicas ou morais, deixou no espírito de todos que o escutaram a tradução destas palavras.

Quando S. Ex.a disse que Londres n3,o era um sanatório para doenças físicas ou morais queria dizer aquilo que estava no seu pensamento, mas que nem então, nem hoje, tem maneira de enunciar doutro modo.

O que é certo ó que a situação do nosso representante em Londres ó uma situação absolutamente incompatível com a própria dignidade do pais.

Não se compreende que vá para um lugar tam delicado, junto duma corte tam escrupulosa, como a corte inglesa, senão quem esteja rodeado dum. grande prestígio moral, e eu pregunto se esse prestígio moral existe na pessoa do Sr. Norton de Matos.

O Sr. Norton de Matos — disse-o o Sr. Rodrigues Gaspar na outra Câmara — abandonou o seu lugar.

Um homem que fugiu do seu posto, um homem que esboçou os primeiros traços dum plano, que anarquizou a administração pública, que criou à província as maiores dificuldades,

Não, Sr. Presidente; o Sr. Rodrigues Gaspar desta vez, como doutras, entende que a palavra foi dada ao homem para encobrir o seu pensamento, mas o que S. Ex.*, no emtanto, não pode é fazer retirar do Diário das Sessões da outra Câmara as palavras que proferiu.

Falou também S. Ex.a num ponto que não toquei, mas a que outros oradores se referiram: o problema religioso.

S. Ex.a pôs a questão, em palavras, muito bem; o que falta é saber se porventura os seus actos correspondem precisamente às suas palavras de neutralidade.

Mas, Sr. Presidente, a neutralidade é uma palavra que só serve para encobrir o pensamento de quem a pronunciou.

E, Sr. Presidente, à sombra dessa neutralidade tem-se feito tanta e tanta perseguição às crenças religiosas do país; à sombra dessa neutralidade têm-st criado

situações difíceis à própria República.

Ainda não há muito tempo veio na imprensa a reprodução das palavras que o antigo Presidente do Conselho de Ministros em França, o Sr. Viviani, teve a coragem de pronunciar quando S. Ex.a atacava, por motivos .de religião, o facto de aquela neutralidade que estava na lei não ser a verdadeira neutralidade que os Ministros manifestavam, e dizendo que ela não era mais que uma habilidade diplomática, que não servia senão para adormecer os tímidos.

Disse-o Viviani, Ministro da França, e essa ó que en estou habituado a ver neste país. - .

Não me parece que a República se tenha compenetrado da sua missão perante um país que tem as maiores tradições de catolicismo.

Mesmo antes, nesse regime em que se entrou' quando era Presidente da República o Sr. António José de Almeida, numa cerimónia oficial com o representante do Sumo Pontífice, nem mesmo nesse regime eu vi que a República se tivesse compenetrado da sua situação e tivesse visto que a grande maioria do país é, sem dúuida nenhuma, portadora de crenças católicas.

Postas estas considerações, e sobretudo aqueles três pontos para que novamente chamo a atenção do Sr. Presidente do Ministério, pedindo-lhe desculpa de ser assim tam .importuno, mas faço-o com a melhor das intenções.

Que S. Ex.n me diga o que pensa, mas concretamente, sobre esses três pontos: redução de juros da dívida externa, destino, a dar ao ouro da operação da prata.

O orador não reviu.